Uma semana depois da prisão surpreendente que repercutiu em todo o mundo, o brasileiro Carlos Ghosn, segue detido no Japão.
Desde então, ele foi destituído da presidência do conselho de duas das três montadoras que comandava: da Nissan e da Mitsubishi.
Ghosn ainda é presidente-executivo e lidera o conselho da Renault, que criou um comando interino. Juntas, as 3 marcas foram o grupo que mais vendeu carros no mundo em 2017, daí a importância da prisão do brasileiro.
Veja abaixo o que se sabe sobre o caso até agora.
Mais sobre as acusações
Ghosn é acusado de declarar ganho menor que o real e de usar indevidamente bens da Nissan.
Ele deixou de declarar mais de R$ 167 milhões de seu pagamento como presidente na montadora, entre 2010 e 2015, segundo promotores japoneses. Nesse período, segundo a agência de notícias Jiji, o executivo recebeu quase R$ 334 milhões.
Ainda segundo a imprensa japonesa, o brasileiro teria comprado e reformado imóveis residenciais para uso pessoal em pelo menos 4 países diferentes, com recursos da Nissan.
Uma subsidiária holandesa, criada em 2010 por cerca de US$ 53,4 milhões, para investimento em startups, teria financiado as ações pessoais de Ghosn, que envolvem a compra e reforma de um luxuoso apartamento na cidade do Rio de Janeiro e uma casa em Beiture, no Líbano.
A emissora japonesa NHK relatou ainda que Ghosn teria utilizado fundos da Nissan para pagar viagens aos familiares.
A Nissan o acusou de usar bens da empresa indevidamente, mas não deu detalhes.
Defesa
Ghosn não falou publicamente nem se comunicou por meio de nenhum representante desde a prisão. Mas a TV japonesa NHK informou que ele disse aos investigadores que não tinha intenção de subestimar sua remuneração em documentos financeiros e negou as acusações.
2º preso: Greg Kelly
Um segundo executivo da Nissan foi preso no mesmo dia que Ghosn. O norte-americano Greg Kelly, diretor na Nissan, teria supervisionado as transações que beneficiaram o executivo.
Kelly também não se pronunciou desde a prisão.
Reações das montadoras
A Nissan decidiu tirar Ghosn da presidência do conselho e também removeu Kelly do cargo de diretor. A montadora disse que tinha uma investigação interna contra o executivo após denúncias.
A Mitsubishi também destituiu Ghosn da presidência do conselho.
A Renault nomeou um comando interino, mas manteve Ghosn como CEO e presidente do conselho.
Vai continuar preso?
A Justiça japonesa decidiu prorrogar a prisão de Ghosn por 10 dias, na última quarta-feira (21).
O executivo ainda não foi julgado.
A imprensa japonesa diz que uma outra denúncia pode ser oferecida pelos promotores contra ele, abordando sonegação após o ano de 2015.
Nissan e Renault vão se separar?
As marcas se posicionaram a favor da aliança logo que a notícia da prisão surgiu.
Mas a imprensa japonesa reportou que, em reunião com funcionários, o atual presidente-executivo da Nissan, Hiroto Saikawa, disse que a parceria com a Renault "precisa ser revista" porque o relacionamento com a parceira francesa "não é igual".
A imprensa lembrou ainda que era desejo de Ghosn faz uma fusão entre as duas montadoras, mas que a Nissan seria contra e estaria tentando barrar a negociação.