"Movida" a carros elétricos, a 30ª edição do Salão do Automóvel, que terminou no último domingo (18), reuniu 742 mil visitantes em 11 dias, segundo a organização do evento.
Os veículos que podem ser carregados em tomadas despertaram a curiosidade do público, principalmente após 3 montadoras "populares" anunciarem as vendas de seus 3 primeiros elétricos no país: Chevrolet Bolt, Nissan Leaf e Renault Zoe.
Eles estavam disponíveis inclusive para test drive e impulsionaram visitantes como a paulistana Fabiana Suzuki, 38 anos, administradora de empresas. Foi a segunda vez dela no Salão, agora acompanhada de duas amigas, uma de São Paulo e outra de Barreiras (BA).
"Gostamos muito desse assunto. Eu teria um carro elétrico", completou Fabiana
“(Foi) Um dos motivos de eu vir ao Salão. Sou muito curioso por esse assunto”, concordou Lucas Marques, de 26 anos, de Uberaba (MG).
"É o mais interessante do Salão, envolve toda a questão de uma mudança na mentalidade das pessoas", destacou o arquiteto Allan Vitti, de Piracicaba (SP).
Só os preços anunciados é que não foram nada "populares", já que os 3 elétricos são importados e a tecnologia ainda tem custo alto.
"Eu teria um Bolt, mas o valor ainda me impede", comentou Rafael Munaro, de Capivari (SP).
O mais "barato" será o Zoe, por R$ 149.990. O Bolt custará R$ 175 mil e o Leaf, R$ 178,4 mil.
Para outro visitante, Nelson Tomicioli, o problema está na ausência de postos de recarga em sua cidade, Bebedouro, também no interior de SP.
Namoro à distância
Quem desejava ter acesso ao interior de veículos mais luxuosos também ficou decepcionado.
Como já é de praxe no Salão, Rolls-Royce, Ferrari, Lamborghini, Maserati e McLaren tinham todos seus carros cercados. Outras marcas, como a Mercedes-Benz, mantiveram modelos ao alcance do público, mas trancados em parte do tempo. "Alguns carrões poderiam estar abertos", lamentou Ronaldo Mistro.
A estudante Gabriela Manfrim, que veio de Santa Bárbara D'Oeste (SP), também reclamou: "Senti falta de poder entrar em carros mais caros".
Fabiana Suzuki, porém, gostaria de ter visto mais carros-conceito. "Está com cara de concessionária", disse a administradora.
Jogo da memória
Difícil foi encontrar quem visitasse o Salão do Automóvel pela primeira vez. Boa parte do público, fiel, acompanha de perto todas as mudanças, evoluções e involuções do principal evento automotivo da América Latina.
Allan Vitti, dono de um Volkswagen Fox, viu o modelo no Salão de 2006. O hatch já não está mais no auge, e, desta vez, ele foi ao evento para conhecer a mais nova aposta da marca, o SUV T-Cross.
Rafael Munaro traz à tona a aparição do "superesportivo brasileiro" Vorax, em 2010.
Até os mais novos já têm recordações de edições passadas. Vindo com pai do ABC paulista - berço da indústria automotiva no Brasil- Rogério Toledo, de 14 anos, disse que não se esquece da apresentação de um cover do coreano Psy no estande da Hyundai, no Salão de 2012, ao som do hit da época, "Gangnam Style".
Estrutura e trânsito
Após tantos anos sediado no Anhembi, na Zona Norte de São Paulo, o Salão do Automóvel ocupou o São Paulo Expo pela segunda vez. O maior diferencial do local (ainda comemorada pelo público) é o ar-condicionado.
Para Marcelo Bogsan, de Praia Grande (SP), a estrutura está melhor porque "conseguiram ampliar o espaço e a circulação melhorou". Mas ele reclamou da praça de alimentação, relegada aos fundos do pavilhão: "Achei a quantidade de mesas pequena".
O acesso ao local, à beira da Rodovia dos Imigrantes, foi destacado pelos entrevistados. "A entrada está bem sinalizada, o acesso é bom", comentou Clodoaldo Torres, examinador do Detran, que mora em São Paulo.
Mas, nos períodos de pico, continuou havendo trânsito para chegar ao Salão. Alguns visitantes que foram ao evento de metrô preferiram dispensar os ônibus gratuitos disponibilizados na estação Jabaquara e ir a pé.
Outros usaram aplicativos de transporte ou estacionaram seus carros em ruas próximas, alegando dificuldade para acesso ao pavilhão e ao estacionamento também pelo trânsito da região.
Uma mudança de comportamento foi sentida durante o evento. Além do aumento de modelos masculinos ao lado dos carros, as mulheres ganharam novos ares, como roupas mais discretas - e o público percebeu.
"Sinto que existe uma preocupação com a exposição das mulheres", apontou Rogério Médici.
Cadê você?
Diz o ditado clichê que quem não é visto, não é lembrado. Não foi bem assim no Salão do Automóvel deste ano. Seis marcas já estabelecidas no mercado brasileiro ficaram de fora: Citroën, Jac Motors, Jaguar, Land Rover, Peugeot e Volvo.
Rogério Toledo se decepcionou ao não encontar a Land Rover. "Queria ver o novo Discovery, mas não tinha nem estande", comentou o advogado.
A picape Classe X, da Mercedes-Benz, também era esperada por alguns dos entrevistados.
As ausências mais citadas pelos visitantes ouvidos pelo G1 foram Volvo e Tesla, que ainda não tem representação oficial no Brasil, mas está na boca do povo por fabricar carros elétricos. Em 2016, um Model S importado de forma independente fez sucesso na mostra, mas nenhum apareceu desta vez
Nova chance, agora, só daqui a 2 anos, no próximo Salão.