Novidades

10 NOV

Grandes Brasileiros: Volkswagen Gol GTi completa 30 anos

O Gol GTi representou um marco para a indústria automotiva brasileira (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Ele chegou para abrir um novo capítulo na indústria automobilística nacional. Há exatamente 30 anos, no Salão do Automóvel de 1988, a Volkswagen apresentou o Gol GTi.

O “i” minúsculo identificava a presença da injeção eletrônica, e o GTi era o primeiro automóvel nacional a vir equipado com ela.

A cor azul Mônaco era exclusiva do hatch esportivo (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Sucesso imediato. O Gol com injeção vinha num exclusivo azul-marinho, oficialmente azul Mônaco, que contrastava com o prata na parte inferior da carroceria.

Na primeira fornada, para 1989, só saíram 2 000 unidades. Por fora, o visual reforçava a exclusividade com capricho. A caracterização esportiva era composta por faróis auxiliares na dianteira, aerofólio na traseira e rodas emprestadas do Gol GTS. E como andava!

A injeção Bosch LE-Jetronic não era tão moderna, mas valeu pelo pioneirismo. O GTi teve o mérito de acelerar a chegada da tecnologia aos concorrentes. E acelerar era com ele (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O texto da revista destacava que bastava virar a chave e o motor pegava na hora, sem ratear: “Nem sequer tem afogador”. “Além de tudo, o carro anda, anda e o motor parece não esquentar. Coisas do cerebrozinho que regula a injeção.”

A surpresa veio na medição de consumo: 8,5 km/l no trânsito urbano e 13,3 km/l na estrada: “Nada mau para um esportivo, com pneus largos, motor 2.0 e câmbio de relações curtas”, considerava o texto.

Com injeção, o motor 2.0 rendia 120 cv e compensava a aerodinâmica deficiente (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O motor do Santana garantiu a empolgação na prova de desempenho: alcançando 174 km/h e fazendo 0 a 100 km/h em 10,4 segundos, o GTi tornava-se o mais rápido carro nacional, desbancando até mesmo o todo-poderoso Opala de seis cilindros, que tinha o dobro de cilindrada.

A reportagem fazia menção ao fato de a injeção chegar ao Brasil com atraso em relação aos países desenvolvidos, mas festejava o pioneirismo. O sistema fornecido pela Bosch era o LE-Jetronic, analógico. Países desenvolvidos já contavam com sistemas digitais, mais modernos.

O interior utilizava tons escuros e tinha o clássico volante “quatro bolas” (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O GTi era rápido, gostoso de dirigir e econômico. Nele, o motor AP-2000 rendia 120 cv e tinha torque de 18,3 mkgf. Eram números bem superiores aos do GTS 1.8 (99 cv e 14,9 mkgf).

Para segurar tanto ímpeto, o GTi foi o primeiro Volkswagen com discos de freio ventilados na dianteira.

Bancos Recaro do Gol GTi apoiavam bem o corpo (Pedro Rubens/Quatro Rodas)

Por dentro, o acabamento em tons escuros deixava claro que se tratava de um esportivo. O volante revestido de couro era uma novidade. Os bancos Recaro com encostos de cabeça vazados, outra. O painel exibia grafismos vermelhos.

Na metade de 1989 o GTi foi colocado numa prova de fogo contra o Kadett GS – a versão esportiva do carro que a Chevrolet acabava de lançar no Brasil. Os dois foram capa da edição de junho, sob o título “Os mais rápidos do Brasil”.

Mostradores do Gol GTI, modelo 1989 (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O Kadett era um projeto muito mais moderno, em sintonia com o que se fazia na Europa, mas a versão nacional ainda não tinha injeção eletrônica. Ela só viria depois da virada da década, quando ele se tornaria GSi. Porém, oferecia o robusto 2.0 do Monza, com 110 cv.

No Chevrolet o combustível era álcool, enquanto o Volkswagen era produzido apenas com motor a gasolina. O Gol, 90 kg mais leve, acelerou de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos – tempo mais baixo que o do primeiro teste -, enquanto o Kadett cumpriu a prova em 10,4 segundos.

Esportivo tinha a parte inferior prateada (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Mas nas retomadas o Chevrolet deu o troco. O Kadett também levou a melhor em conforto.

Além disso, em termos de aerodinâmica havia um túnel enorme entre eles. O Chevrolet, projeto da Opel desenvolvido em túnel de vento, tinha dianteira afilada e um Cx de 0,30. Já o Gol, com sua frente em pé, era uma barreira contra o vento – tinha Cx estimado em 0,41.

Kadett GS: o maior rival do Gol GTi (Acervo/Quatro Rodas)

Mesmo assim, na prova de velocidade máxima, puxado pelo motor mais potente e graças ao menor peso, o GTi conseguiu andar no mesmo ritmo do alemão recém-chegado aos trópicos: o Kadett fez 174,4 km/h, apenas um décimo de segundo a mais que o Gol. Empate técnico.

O GTi continuou com seu carisma na década de 90. Com a estreia do redesenhado Gol Bolinha para 1995, o GTS foi aposentado. O GTI (com i maiúsculo) ganhou injeção multiponto digital, que melhorou o consumo, mas no visual perdeu a personalidade marcante da primeira geração.

A bolha sobre o capô era exclusiva do Gol GTI 16V (Marco de Bari/Quatro Rodas)

O esportivo ainda recebeu um motor 2.0 alemão, com 16 válvulas e 141 cv. Voou na pista e passou dos  200 km/h. Assim ele avançou até o fim dos anos 90. Foi reestilizado em 1999, mas durou pouco.

Com as importações liberadas, o mercado foi invadido por esportivos mais atraentes nos anos 90. A injeção foi ficando trivial. Anunciamos o fim do Gol GTI na edição de janeiro de 2001:

“O primeiro carro brasileiro de série a ter injeção eletrônica despediu-se da linha de montagem. O Gol GTI não estava mostrando nas vendas o mesmo desempenho que seu motor 2.0 16V de 146 cavalos esbanjava nas pistas.

O último Gol GTI durou de 1999 a 2000 (Divulgação/Quatro Rodas)

Em novembro passado foram vendidas sessenta unidades, menos de um terço da produção do Santana a álcool.

O preço de R$ 36.240 andava espantado a clientela. Apresentado em 1988, o GTI já foi o carro mais rápido do país. No último teste da QUATRO RODAS, alcançou 203,2 km/h. O 1.0 16V Turbo, de 112 cavalos, toma seu lugar como o Gol mais veloz: 190,3 km/h.”

Luzes, ação: o esportivo veio com três pares de faróis (Marco de Bari/Quatro Rodas)

“Leitor, eu dirigi um carro de sonho. Não tanto pelo design ou pela estética, já que afinal não deixa de ser um Gol. Mas nesse caso trata-se de um golaço, ou um gol de placa, a de São Bernardo. Para quem gosta de dirigir, a sensação de estar sentado atrás do volante de couro desse cavalinho é praticamente indescritível. Acostumado com as engasgadas e entupidas sazonais do motor a álcool, me surpreendi sorrindo ao constatar a reação imediata desse motor ao mais leve toque no acelerador. Acredite! Tudo que você ouvir sobre o desempenho desse carro é verdade. É o bicho. Às vezes o ruído do motor me lembrava um carrão tipo Opala, ou coisa parecida.”

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

10 FEV
Teste: novo Hyundai Santa Fe tem preço de SUV de luxo e detalhes de HB20

Teste: novo Hyundai Santa Fe tem preço de SUV de luxo e detalhes de HB20

Santa Fe cresceu e ganhou nova identidade visual, mais arrojada (Fernando Pires/Quatro Rodas)A chegada foi discreta. Não houve evento de lançamento e, até o fim de dezembro, ainda era a linha 2019 – ou melhor, a geração antiga – que aparecia no site oficial da Hyundai Caoa.Mas as concessionárias já exibem em suas vitrines há algum tempo a nova geração do Hyundai Santa Fe, acompanhada de uma etiqueta digna de causar surpresa (para não dizer perplexidade) a compradores de carros... Leia mais
10 FEV
Correio Técnico: por que carros 4×4 desligam o ESP ao acionar a reduzida?

Correio Técnico: por que carros 4×4 desligam o ESP ao acionar a reduzida?

Nos modelos da FCA, a reduzida desliga o ESP (Christian Castanho/Quatro Rodas)Por que modelos com tração 4×4 desligam o ESP quando a reduzida é acionada? – Larissa Camargo – Porto Alegre (RS)Porque nessas situações o controle de estabilidade (chamado de ESP ou ESC) pode mais atrapalhar do que ajudar. A reduzida multiplica a força de todas as marchas do carro (ou usa uma primeira marcha curtíssima, como no Renegade), e é acionada com o veículo parado. Nessas situações, é... Leia mais
10 FEV
Carro automático salta de 12% para 50% do mercado brasileiro em 10 anos

Carro automático salta de 12% para 50% do mercado brasileiro em 10 anos

Câmbio automático de seis marchas do VW Virtus (Christian Castanho/Quatro Rodas)A indústria automotiva brasileira amargou um prejuízo de R$ 100 bilhões na última década.Ainda assim, se viu pressionada por novas legislações, programas de melhoria de eficiência energética e demandas dos consumidores a aprimorar a tecnologia dos carros vendidos no país.Um estudo divulgado na semana passada pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) apontou como os... Leia mais
07 FEV
Salão do Automóvel terá venda de carros e “test-drive” de autônomos

Salão do Automóvel terá venda de carros e “test-drive” de autônomos

Confirmada no Salão, Jeep pode ser uma das fabricantes com pista off-road (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)Apesar da debandada de fabricantes – 14 até o momento –, o Salão do Automóvel tem novidades que poderão ser aproveitadas pelas marcas que estarão presentes.A organizadora do evento, Reed Exhibitions, confirmou a criação de uma pista específica para a demonstração de carros autônomos, algo inédito no evento.Ela se juntará a outros espaços como pista para veículos... Leia mais
07 FEV
Minimoto com peças de Fusca agora pode ser comprada no Brasil: R$ 5.000

Minimoto com peças de Fusca agora pode ser comprada no Brasil: R$ 5.000

– (Garage 51/Reprodução)Lembra dela? A Lambrespa ganhou um espacinho no coração dos apaixonados pelo Volkswagen Fusca. Produzida com a base dos para-lamas do besouro, a minimotocicleta fez sucesso ao ponto começar a ser vendida no Brasil.Quando QUATRO RODAS falou com Rogério Jung – responsável pela criação do projeto no país – pela primeira vez, ele já mostrava entusiasmo pela sequência da produção, porém, não sabia que seria procurado por amantes do Fusquinha para... Leia mais
07 FEV
Coronavírus ameaça levar produção de carros ao colapso em todo mundo

Coronavírus ameaça levar produção de carros ao colapso em todo mundo

Fábricas de automóveis e de fornecedores de toda a cadeia produtiva estão paradas na China por conta do coronavírus. A falta de peças preocupa fabricantes do mundo todo (Reprodução/Internet)Não se iluda: apesar de o coronavírus ter origem na China, no outro lado do planeta, o efeito devastador do novo vírus é mundial. E a indústria automotiva é uma das que mais estão expostas à moléstia.Acontece que uma enorme parte dos automóveis e componentes produzidos no país sai de... Leia mais