Depois de quase 1 ano de espera, as montadoras comemoram a aprovação do Rota 2030, programa para o setor automotivo que cria regras e oferece benefício fiscal a quem investir e superar metas.
Entre os temas contemplados do programa estão eficiência energética e segurança dos veículos.
O Rota 2030 foi discutido durante todo o ano passado e deveria ter começado a valer em 1º de janeiro, um dia depois de o regime automotivo anterior, o Inovar Auto, terminar. Mas acabou sendo alvo de uma queda-de-braço entre a Fazenda e o Ministério da Indústria e Desenvolvimento (MDIC), que não entravam em acordo sobre os incentivos.
O programa acabou sendo lançado só em julho, como uma medida provisória. E teria de ser votado no Congresso até o início de novembro. Mas isso só aconteceu nesta semana.
Nesse intervalo, montadoras passaram a dar recados ao governo de que, sem o Rota 2030, não tinham como convencer as matrizes no exterior de que haveria previsibilidade para investirem no Brasil no médio e longo prazo.
O aval da Câmara veio na última quarta (7), para euforia de executivos que estavam no Salão de São Paulo, o maior da América Latina.
Nesta quinta (8), o programa passou pelo Senado, bem em tempo de Temer chegar ao evento na capital paulista e assinar um decreto que detalha o regime. A sanção, último ato antes de o Rota 2030 ser consolidado, ainda aguarda o trâmite para chegar a Planalto.
"Se não aprovasse [o Rota 2030], teríamos que rever algumas questões", afirmou Marco Silva, presidente da Nissan, ao G1 nesta quinta.
"Temos um plano de médio prazo, que vamos nos ajeitar ao que veio (no programa)", completou.
"Terá efeitos positivos para a indústria, que ganha segurança para investir, traz benefícios para o consumidor, que contará com veículos cada vez mais eficientes e seguros", comemorou o presidente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) para a América Latina, Antonio Filosa.
A montadora anunciou neste ano um plano de investimento de R$ 14 bilhões entre 2018 e 2023 para o Brasil, e Filosa dizia que dependia do Rota para realizá-lo.
“Ainda não é aquilo que idealizamos. Vieram menos mudanças do que gostaríamos. (Mas) Ter um plano de longo prazo é importante para ter a previsibilidade para o futuro”, afirmou o diretor de relações institucionais da Honda, Paulo Takeushi.
“Esperávamos uma simplificação do sistema tributário para ter mais competitividade, mas não aconteceu”, completou.
“Caminhamos 90%, e os 10% que faltam são muito mais fáceis”, disse Johannes Roscheck, presidente da Audi do Brasil, se referindo a detalhes do regime.
Para a Audi, que voltou a fazer carros no Brasil na época do Inovar Auto, a preocupação é como o programa vai tratar a produção de veículos em pequeno volume, caso da marca, e o índice de nacionalização, que existia no antigo regime.
O decreto que Temer assinou no Salão, ainda não publicado, deve trazer alguns desses detalhes. O documento tinha sido prometido para agosto, 30 dias depois da criação da medida provisória. Outros pormenores deverão ser definidos por meio de portarias.