Novo SUV da Ford nasceu como carro chinês (Arte/Quatro Rodas)
A Ford mostrará no Salão do Automóvel de São Paulo o Territory, um SUV médio que no Brasil poderia disputar clientes com o Jeep Compass. Na prática, porém, nem Ford ele é.
Ford Territory é maior que o Jeep Compass (Divulgação/Ford)
Apresentado na China em agosto, o Ford Territory nada mais é que um Yusheng S330 com alterações cosméticas no design. Primeiro é preciso explicar quem é a Yusheng.
A semelhança com o Evoque na traseira pode não ser mera coincidência (Divulgação/Ford)
É uma submarca da Jiangling Motors Corporation (JMC), uma das duas parceiras da Ford na China e proprietária da Landwind, marca mais conhecida por vender um clone do Range Rover Evoque.
A JMC também foi responsável por um clone da Volkswagen Amarok.
O JMC Yusheng S330 foi lançado em 2016 (JMC/Divulgação)
Além do Territory, a JMC produz em parceria com a Ford o Everest, SUV derivado da Ranger, e inúmeras versões da van Transit.
O Yusheng S330, porém, é um caso à parte. Foi lançado em 2016 de olho na expansão do mercado de SUVs nas grandes cidades do interior da China.
Na China, SUV custa a partir de 7.300 dólares (JMC/Divulgação)
O motor 1.5 turbo desenvolvido pela própria Jiangling rende 163 cv e pode ser combinado a câmbios manual ou automático, ambos de seis marchas.
Na China, seus preços começam em 7.300 dólares, o equivalente a R$ 27.250 no câmbio atual.
Para transformar o Yusheng S330 no Territory, mudaram grade dianteira, para-choques, faróis e lanternas. Depois, aplicaram os logotipos da Ford.
As linhas retas do interior do Yusheng parecem inspiradas nos Land Rover, mas usa apenas plásticos rígidos (JMC/Divulgação)
O interior, por sua vez, é completamente diferente. Além do design mais moderno, recebeu materiais de melhor qualidade. Além dos plásticos duros do S330, o Ford tem toque macio em parte do painel e nas portas.
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A lista de equipamentos do Territory inclui central multimídia com comando de voz e o sofisticado sistema Co-Pilot360, que une frenagem de emergência, monitoramento de pontos cegos, acendimento automático dos faróis e piloto automático adaptativo.
Por outro lado, o motor 1.5 turbo da Jiangling foi amansado. Rende 143 cv, 20 cv a menos que o Jiangling. Em compensação, o consumo melhorou: chega a 14,9 km/l, contra 13,8 km/l do irmão chinês.
Versão Ford tem até quadro de instrumentos digital (Divulgação/Ford)
Ele tem 4,58 m de comprimento, 1,94 m de largura, 1,67 m de altura e 2,71 m de entre-eixos. É sensivelmente maior que um Jeep Compass, que tem 4,42 m de comprimento, 1,82 m de largura, 1,64 m de altura e 2,64 m de entre-eixos. Também é maior que o Hyundai ix35, que tem 4,41 m de comprimento, 1,82 m de largura, 1,66 m de altura e 2,64 m de entre-eixos.
Para se instalar na China, fabricantes ocidentais precisam se associar às empresas chinesas. Essa regra, que vale até 2022, fez com que muitas marcas chinesas tivessem acesso a tecnologias e processos de produção.
Bancos misturam couro e tecido bege (Divulgação/Ford)
O movimento mais comum é ver fabricantes chineses usando projetos das marcas internacionais. É o caso do Lynk e Co 01 e do Geely Borui GE, ambos baseados na mesma plataforma CMA do Volvo XC40.
A Ford fez o contrário. Com as vendas em baixa, recorreu à sua parceira para ter um SUV interessante e barato sem muito esforço.
Territory ainda tem teto solar panorâmico (Divulgação/Ford)
Não por acaso, é justamente o que a Ford precisa no Brasil. Hoje vive dos bons números de vendas do Ka e do EcoSport, mas o Fiesta vende pouco e o Focus sairá de linha no ano que vem.
SUV chinês pode estrear no Brasil em 2019 (Divulgação/Ford)
Importar ou produzir localmente o Kuga/Escape, seu SUV médio para Estados Unidos e Europa, seria caro e demorado. Ficaria difícil ter preços competitivos para concorrer com o Jeep Compass, SUV mais vendido no Brasil hoje.
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No Brasil, o Ford Territory poderia ajudar a marca a dar uma respirada. Importar da China ou montar no Brasil em CKD custaria pouco à Ford, que teria uma grande margem de lucro posicionando ele acima do EcoSport, na faixa dos R$ 100 mil.
– (Divulgação/Ford)
A marca não confirma o lançamento do Territory no Brasil, mas não esconde que já estudou a faixa de preço onde pode colocar ele. Mas, se vier, será apenas a partir do segundo semestre de 2019.
Difícil será convencer o brasileiro a comprar um Ford que não é Ford.