Novidades

15 OUT

BMW i3: os desafios de viajar com um carro elétrico no Brasil

Recargas podem levar de 40 minutos a três horas (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Na primeira reportagem escrita para a revista QUATRO RODAS, os jornalistas Roberto Civita e Mino Carta mapearam os pontos de parada na rodovia Presidente Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro. O texto da edição número 1 contabilizava 86 postos de combustível.

Agora, 58 anos depois, surgem os seis primeiros pontos de recarga para carros elétricos. Iniciativa da BMW, dos postos Ipiranga e da empresa de energia EDP, eles transformam os 403 km da principal rodovia brasileira no maior corredor elétrico da América Latina.

Na cidade, o i3 consegue regenerar a carga da bateria nas desacelerações (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Aproveitamos o lançamento do novo BMW i3 para experimentar as duas novidades numa viagem de ida e volta ao Rio de Janeiro.

O hatch tem novo para-choque dianteiro com setas de led em vez dos projetores redondos, mas o destaque é a bateria: cresceu 50%, de 22 kWh para 33 kWh nominais. A autonomia saltou de 130 para 180 km, mas o peso é 50 kg maior.

Vale reforçar que essa variante acaba de chegar ao Brasil, mas já tem data para acabar, pois a BMW lançou na Europa uma versão com uma nova bateria.

Para-choque frontal é novo e tem leds para as setas (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Há dois motores: o elétrico (170 cv e 25,5 mkgf), que move o carro, e o dois-cilindros de 647 cm³ a gasolina (de 39 cv e 5,6 mkgf), que tem função apenas de gerador: o tanque de 9 litros garante 150 km extras.

Utilizar essa reserva facilitaria a travessia, mas o objetivo era rodar em modo 100% elétrico, para usar os seis carregadores ao longo da Dutra, um a cada 67 km, em média – mas a maior distância entre eles chega a 122 km.

Friso cromado na tampa do porta-malas é novo (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Partimos da Editora Abril, no bairro do Morumbi, em São Paulo. O quadro de instrumentos digital indicava 99% da carga e 207 km de autonomia estimada no modo Eco Pro, que reduz o consumo do ar-condicionado e deixa o acelerador menos sensível, dosando melhor o gasto de energia.

Pontos de recarga rápida estão espalhados em postos da Dutra (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Nos primeiros minutos de uso rodoviário, a autonomia subiu a 215 km. Mas se um carro a gasolina é mais eficiente na estrada, um elétrico rende melhor na cidade, onde a menor velocidade poupa a bateria.

No i3, o sistema de regeneração de energia pode frear o carro totalmente enquanto a bateria é recarregada: basta aliviar o pé do acelerador, que ele começa a parar.

Apesar da proposta urbana. o i3 é um carro muito confortável para a estrada (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Ainda em Guarulhos as vantagens de um carro elétrico começam a aparecer. O silêncio da cabine só é interrompido pelo ruído dos pneus fininhos (155/60 à frente e 175/55 atrás). O torque é instantâneo, quase viciante, e vem das rodas traseiras – como manda a cartilha da BMW. Ágil, foi de 0 a 100 km/h em 8,4 s nos nossos testes de pista, enquanto um BMW 320i, com 184 cv, faz o mesmo em 7,9 s.

O BMW aceita carga lenta (AC43) e carga rápida (CCS), que usa os dois andares dos conectores (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O primeiro ponto de recarga, no AM/PM Estação, passa pela minha direita em Guararema. Como tínhamos mais de 50% de bateria, paramos 37 km à frente, no Auto Posto GAP, em São José dos Campos. Um cartão libera o carregador: é só espetar a tomada no carro que ela já fica travada automaticamente. Ao final, só libera a tomada destrancando o carro ou interrompendo a carga pela interface do carregador.

Ao lado da Dutra, a Basílica de Nossa Senhora Aparecida representa quase a metade da viagem ao Rio de Janeiro (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Após 1h15min carregando, a autonomia foi de 85 para 172 km, suficiente para pular o posto de Guará e percorrer os 142 km até a próxima parada, o movimentado Graal Estrela, em Queluz. Como rodamos 20 km extras para fazer fotos e atender o chamado da natureza da nossa equipe, sobraram só 26 km de autonomia.

Enfim, o Rio de Janeiro (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Já com o BMW i3 de novo na tomada,vinham as perguntas dos viajantes que por ali passavam. Questões sobre autonomia, preço do carro e custo de recarga.

A tecnologia é cara: o i3 básico custa R$ 199.950, mas o Full, como o testado (tem estacionamento automático, teto solar duplo, ar-condicionado digital, bancos de couro marrom e som Harman Kardon), custa R$ 239.950. A recarga, porém, será gratuita até o final do ano.

A prova de vândalos: o carro prende a tomada e só libera após comando na chave (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A regulamentação para venda de recarga por parte da Aneel é recente. Se comparado a um Golf 1.4 TSI, o gasto com o i3 seria três vezes menor (veja tabela abaixo). Ainda gasta-se com pedágios (R$ 59,70 por trecho) e com os lanches.

 (Arte/Quatro Rodas)

Após 2 horas e 65,5% da bateria, seguimos. Já no estado do Rio, o trecho sinuoso após Porto Real revela um i3 neutro em curvas. A bateria fica no assoalho da estrutura de fibra de carbono e alumínio, o mais baixo e central possível. Também por isso, a posição de dirigir é alta como num SUV.

Veículos parados em vaga exclusiva foram problema na ida e na volta (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A Casa do Mamão, em Piraí, é a última parada. Uma Renault Oroch estava na vaga para elétricos e o frentista chamou o dono. “Eu não ia parar aqui, mas o rapaz falou que podia porque ninguém usava o carregador”, desculpou-se o motorista.

Cartão que vem com o carro libera a recarga (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Segundo o proprietário do local, Henrique Mamão, éramos os primeiros a parar ali, desde a inauguração, cinco dias antes. Até então, só a BMW havia usado o carregador em seus testes.

O bocal de carregamento é iluminado por luz verde quando a carga está completa (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Foi ele quem apontou um erro: até ali usamos a tomada-padrão AC43, de corrente alternada, não a CCS, de corrente contínua, mais rápida. Não há indicação dos padrões suportados no carro ou no manual, que fala em Mode 2 e Mode 4, nomenclatura diferente da usada pela marca nos carregadores. Assim, a bateria saltou de 17% para 99% em 1 hora. Ótimo!

Chegamos ao Rio de Janeiro no início da noite (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Nos 8 km de descida da Serra das Araras, recuperou mais 3%. Chegaríamos ao Aterro após dez horas na estrada, ainda com 57% da carga.

Já na cidade do Rio, posso deixar o i3 carregando durante a noite na casa dos meus pais. A sorte é que todo carioca tem ar-condicionado: a tomada 220V e 20A foi perfeita. Mas a carga total levaria 14 horas.

Tomada 220V do ar-condicionado serviu para a recarga doméstica do i3 (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

Na volta, resolvo parar em um shopping com ponto de recarga. O do Barra Shopping não funcionou. No Village Mall, ao lado, na vaga dedicada a elétricos havia um Audi A5. Usei a do lado.

A vaga não era exclusiva para elétricos, mas serviu (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

Acompanho o carregamento pelo app ConnectedDrive no meu celular. Levou 1h30min para 100%, tempo para dar uma boa volta no shopping. Ao sair, localizo no GPS do carro o próximo ponto de recarga, mas diz que o endereço está fora da sua base de dados. Isso se repetiu com todos os outros cinco eletropostos da Dutra

Painel tem couro, imitação de madeira e plástico. (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A primeira recarga é após a Serra das Araras, no Posto Nacional, em Piraí. A surpresa: havia uma planta na vaga do carregador. Paro do lado. Carrego por 30 minutos e sigo.

Tela cumpre a função de quadro de instrumentos (Christian Castanho/Quatro Rodas)

As constantes subidas prejudicam a autonomia e paro em Queluz (SP): 20 min depois, vejo no app que a recarga foi interrompida em 83%. O carregador estava desligado assim como todas as luzes do posto: era um apagão. A parada em Guaratinguetá era inevitável, mas duraria só 17 minutos.

Acesso ao banco traseiro é feito por portas suicidas. O espaço ali é um tanto reduzido (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Faço a quarta e última carga em São José dos Campos, pois teria de fazer o retorno duas vezes se parasse em Guararema.

Motor a gasolina que funciona como gerador fica sob o assoalho do porta-malas (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Chego à Abril após 7h30min, com 27% de bateria. Nada mal, pois o Waze estimara a volta em seis horas – mesmo tempo de uma viagem rápida nos idos de 1960.

Não parece, mas o BMW i3 é um bom carro para estrada. Principalmente se  você quiser usar o gerador a gasolina.

Clique na imagem para ampliar (Arte/Quatro Rodas)

Aceleração
0 a 100 km/h: 8,4 s
0 a 1.000 m: 31,5 s – 148 km/h

Velocidade máxima
150 km/h (divulgada pelo fabricante)

Retomada
D 40 a 80 km/h: 3,3 s
D 60 a 100 km/h: 4 s
D 80 a 120 km/h: 5,9 s

Frenagens
60/80/120 km/h – 0 m: 14,3/25,1/56,4 m

Consumo
Urb.: 13,9 kWh/ 100 km
Rod.: 16,4 kWh/ 100 km

Preço: R$ 239.950
Motores: gasolina, traseiro, transversal, 2 cilindros em linha, 8V, inj. direta, 647 cm3; 38 cv a 5.000 rpm, 5,7 mkgf a 4.500 rpm. Motor elétrico (gerador): traseiro, transversal, 170 cv a 4.800 rpm, 25,5 mkgf
Câmbio: automático, 1 marcha, tração traseira
Suspensão: McPherson (dianteira) e multibraço (traseira)
Freios: disco ventilado (diant.) e disco sólido (tras.)
Direção: elétrica, 9,9 m (diam. giro)
Rodas e pneus: liga leve; diant., 155/60 R20; tras., 175/55 R20
Dimensões: comprimento, 401,1 cm; altura, 159,8 cm; largura, 177,2 cm; entre- -eixos, 257 cm; altura livre do solo, 14 cm; peso, 1.365 kg; tanque, 9 l; porta-malas, 260 l

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

16 DEZ
Os 10 carros menos seguros à venda no Brasil e testados de 2016 a 2019

Os 10 carros menos seguros à venda no Brasil e testados de 2016 a 2019

Compacto obteve três estrelas na proteção para adultos e crianças (Latin NCAP/Divulgação)Um dos principais itens analisados na hora da compra do veículo é a segurança.Na América do Sul e Caribe, o Latin NCAP é o órgão responsável por avaliar (de zero a cinco estrelas) a proteção que os automóveis oferecem com testes de colisão: frontal (a 64 km/h), lateral (a 50 km/h) e de poste (a 29 km/h) – caso tenha airbag de cortina.A cada quatro anos a entidade renova o seu protocolo... Leia mais
15 DEZ
Flagra: nova Chevrolet S10 terá frente inspirada em Blazer e Camaro

Flagra: nova Chevrolet S10 terá frente inspirada em Blazer e Camaro

Nova S10 terá grade alargada inspirada no Blazer (Motor1/Internet)A Chevrolet promete lançar sete novos produtos no mercado brasileiro em 2020, entre modelos, trocas de geração, renovações visuais e versões/séries inéditas.Uma das novidades será o segundo facelift de meia vida para a atual geração da Chevrolet S10, já flagrada no Brasil em julho deste ano com uma camuflagem, embora pesada, limitada ao balanço dianteiro da carroceria.Também pudera: as principais mudanças da... Leia mais
13 DEZ
Toyota Corolla ganha blindagem certificada com garantia de cinco anos

Toyota Corolla ganha blindagem certificada com garantia de cinco anos

Blindagem certificada pela Toyota tem garantia de cinco anos (Fernando Pires/Quatro Rodas)O novo Toyota Corolla ganhou blindagem certificada pela própria marca e com garantia completa de cinco anos. São seis tipos diferentes, com preços a partir de R$ 58.300.O serviço será realizado pelas empresas Evolution e Inbra, ambas de São Paulo (SP). Mas pedidos e retiradas podem ser realizados em qualquer concessionária do Brasil.Serviço poderá ser solicitado em qualquer concessionária da... Leia mais
13 DEZ
Renault Sandero igualou segurança do colombiano com solução local

Renault Sandero igualou segurança do colombiano com solução local

Renault Sandero 2020 no teste do Latin NCAP (Latin NCAP/Divulgação)Sua decisão de compra de um carro se baseia no nível de segurança que ele oferece? Então você certamente ficará confuso ao pesquisar o quão seguro é o Renault Sandero 2020.Isso porque, no ano-modelo 2020, a família formada pelo hatch, pelo sedã compacto Logan, pelo aventureiro Stepway e pelo esportivo RS pode entrar na sua garagem com três padrões diferentes de segurança, segundo o Latin NCAP (programa de... Leia mais
13 DEZ
Ford Ranger está mais segura no Latin NCAP, mas não tanto quanto Hilux

Ford Ranger está mais segura no Latin NCAP, mas não tanto quanto Hilux

– (Latin NCAP/Divulgação)O protocolo do Latin NCAP ficará mais rigoroso a partir de 2020 e, para aproveitar as regras atuais, os fabricantes correram contra o tempo para realizar os testes de colisão antes de virar o ano. E se alguns melhoraram, como é o caso da Ford Ranger, outros pioraram em relação a antes.A picape foi avaliada em abril de 2016 e ganhou três estrelas para a segurança de adultos e quatro para crianças. Tentando alcançar a pontuação máxima, assim como a Toyota... Leia mais
13 DEZ
Chinesa BYD estuda comprar fábrica da Ford para fazer carros elétricos

Chinesa BYD estuda comprar fábrica da Ford para fazer carros elétricos

Chinesa BYD negocia com a Ford pela fábrica de São Bernardo do Campo; ideia é investir na produção de caminhões elétricos (BYD/Divulgação)Após o presidente do Grupo Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, admitir na última quarta-feira (11) que as chances do grupo adquirir a fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP) são remotas, outro fabricante chinês apareceu como possível comprador da planta.  Segundo o jornal Folha de S.Paulo, a BYD, montadora especializada em... Leia mais