O veículo é totalmente envidraçado e aproveita a ausência de motorista (Rodrigo Ribeiro/Quatro Rodas)
O Expo Porte de Versailes, local onde é realizado o Salão de Paris, conta com diferentes pavilhões separados por distâncias consideráveis para serem cobertas a pé. Por conta disso, há esteiras, elevadores e, neste ano, até um ônibus autônomo para fazer o transporte de passageiros.
QUATRO RODAS andou no inusitado Trapizio, veículo desenvolvido pela francesa Navya e que já é usado em 16 países.
O veículo autônomo tem propulsão elétrica, pode levar até 11 pessoas e tem velocidade máxima de 20 km/h.
A frente/traseira do Trapizio é simétrica, como em um trem, para evitar manobras de inversão. Quando chega ao ponto final, ele simplesmente inverte a marcha. (Rodrigo Ribeiro/Quatro Rodas)
Segundo a empresa, o Trapizio é desenvolvido para atuar em locais onde ônibus convencionais teriam dificuldade de locomoção, como ruas apertadas, vias repletas de pedestres e ambientes fechados.
Isso, em tese, o tornaria perfeito para ser usado como transporte no Salão de Paris.
Seu primeiro entrave, porém, foi uma limitação imposta pelos próprios organizadores do evento.
O trajeto feito pelo Trapizio envolvia dois pavilhões menores, que recebiam feiras menores paralelas ao Salão do Automóvel e reduzia o potencial de exposição do veículo.
A cabine comporta até 11 adultos sentados (Navya/Divulgação)
Outra dificuldade ocorreu no segundo dia do evento dedicado à imprensa, por conta da visita oficial do presidente da França, Emmanuel Macron.
Os inúmeros policiais, seguranças e viaturas que circulavam pelos pavilhões faziam com que o Trapizio demorasse a cumprir seu trajeto, pois a cada obstáculo detectado por seus sensores ele parava completamente para só depois retornar a marcha).
Sensores na parte inferior e superior da cabine detectam todos os veículos e pessoas ao redor do Trapizio (Rodrigo Ribeiro/Quatro Rodas)
Em alguns casos, como quando um veículo de serviço cruzou seu caminho, o ônibus ficou parado até que o outro carro, conduzido por um ser humano, saísse de seu caminho.
Sua baixa velocidade limita sua atuação, mas também ajuda a evitar riscos de acidentes. Um aviso sonoro é emitido de forma constante para alertar pedestres e outros veículos.
Só há portas de um lado. Uma tela sensível ao toque dentro da cabine permite ao passageiro escolher o destino (Navya/Divulgação)
Em nosso curto percurso de 1,5 km, porém, duas pessoas entraram inadvertidamente à frente do Trapizio. Mesmo assim, seus radares detectaram com bastante antecedência e acionaram os freios rapidamente.
Por conta disso, é recomendado que os passageiros do ônibus permaneçam sentados ou segurando em apoios, pois as frenagens bruscas dão a sensação que o computador que controla o veículo foi treinado no transporte coletivo brasileiro.
O teste mostra que é possível que um veículo autônomo circule em meio a carros e pessoas sem incidentes. Mesmo assim, parece que própria Navya ainda não confia 100% em seu sistema. Não que isso seja um problema: melhor esconder um controle de Xbox do que usar seus clientes para testar tecnologias que ainda não estão totalmente maduras.