Com essas dicas você verá essa cena com menos frequência (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)
Os carros brasileiros estão mais econômicos. Mesmo os modelos mais baratos hoje tem pneus ecológicos, de baixa resistência à rolagem, indicador de troca de marcha, econômetro e até start-stop, que desliga o motor em paradas para economizar combustível.
Mas o consumo de um carro não depende apenas do carro. A forma como você dirige e os cuidados que tem com seu carro também influenciam bastante no rendimento do tanque.
Aqui vão alguns exemplos de atitudes simples que podem ajudar a aumentar o intervalo de abastecimento.
Hoje o acelerador não tem conexão mecânica com o motor. A ligação acontece por fios. (Divulgação/Hyundai)
Arrancar rápido e depois manter velocidade constante não é mais eficiente. Ao pisar fundo, mais ar é admitido pelo motor, exigindo mais combustível para que a queima ocorra. As emissões de poluentes também aumentam nessa situação.
Fazer o motor chegar a giros elevados é ainda pior. A partir de uma certa rotação é injetado mais gasolina nas câmaras de combustão só para arrefecer o motor.
O momento que isso ocorre varia de acordo com o carro e motor. No Renault Kwid acontece a 4.300 rpm e só com gasolina, mas é comum ocorrer também com álcool em outros carros.
O melhor a ser feito é ganhar velocidade lentamente, sem acelerações bruscas, seguindo o indicador de troca de marchas e/ou o econômetro, se houver. Eles interpretam a forma como você dirige, a inclinação da via, o combustível e a posição do pedal e estabelecem a forma mais eficiente de conduzir o veículo.
No plano, sinta-se à vontade para pular da primeira para a terceira marcha, mantendo o motor sempre dentro da faixa ideal de rotação.
Em veículos com câmbio automático, evite o “kick-down” que é a redução de uma marcha provocada ao apertar o pedal do acelerador até o final do seu curso.
Se tiver modo de condução, use o mais econômico. Ele mudará o mapa do pedal do acelerador, passando a sensação de que o carro perdeu força. Na verdade, o motor passa a entregar seu torque da forma mais equilibrada entre força e eficiência.
O consumo aumenta de acordo com a velocidade, mas esta relação varia de carro para carro (Isaac Hernandez/)
Teste recente com os carros do Longa Duração mostrou como a velocidade aumenta o consumo de um carro. Com o Fiat Argo, a 120 km/h o consumo foi 30,2% maior do que a 80 km/h. Com o Renault Kwid, porém, a diferença foi de 40,3%.
Na prática, em uma viagem de 500 km com o compacto da Renault seria gasto R$ 161,62 com gasolina a 120 km/h. A 80 km/h, o custo seria de R$ 96,50.
É um exemplo um pouco extremo, mas mostra que é possível reduzir bastante os gastos com um pequeno aumento na duração da viagem. O impacto no tempo de percursos do dia a dia seria pequeno, mas teria impacto nos gastos no final do mês.
A diferença entre o pneu calibrado e o descalibrado é visível e sensível, tanto no comportamento dinâmico como no consumo (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Pneus de baixa resistência à rolagem podem reduzir o consumo até 8%, com emissão de CO2 reduzida em até 5%. O segredo está na maior quantidade de sílica na composição da borracha, em substituição ao negro de fumo. Isso reduz a resistência ao rolamento em até 40% e também aumenta a durabilidade dos pneus.
Mas de nada adianta os pneus especiais se não forem mantidos com a pressão correta estabelecida pelo fabricante.
De acordo com Marcio Maia, engenheiro de motores da Renault, em um carro cuja a pressão ideal dos pneus é 32 psi, rodar com 22 psi aumenta o consumo em 20% – bem mais do que a redução prometida pelos pneus. Os pneus se deformarão mais, também, o que diminuirá sua durabilidade a médio e longo prazo.
Alguns carros têm indicação de pressão maior para economia de combustível. O lado contra é o conforto de rodagem será prejudicado.
Outra questão que afeta diretamente os pneus e o consumo é o alinhamento da direção. Se estiver fora do padrão estipulado pelo fabricante o motor fará esforço muito maior, resultando em maior gasto de borracha e combustível (até 10%).
No trânsito lento, evite ao máximo as paradas (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Mantenha a velocidade do veículo o mais uniforme possível, evitando situações de trânsito intenso e o anda e para. Nada gasta mais combustível do que colocar o carro em movimento.
Para isso, mantenha distância do carro da frente e preste atenção em dois ou três carros que estão à frente dele. Assim, você poderá tomar decisões com antecedência, como calcular se uma mudança de faixa evitará parar o carro ou se bastará tirar o pé do acelerador em vez de usar o freio.
Isso funciona e provamos em uma reportagem. Três motoristas fizeram o mesmo percurso duas vezes: a primeira usando seu próprio estilo e a segunda com as técnicas de antecipação e trocas de marcha no tempo certo: a redução no consumo foi de até 44%.
Ao reduzir uma marcha o motor ajuda a diminuir a velocidade (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Este está intrinsecamente ligado a uma condução suave. Se há um semáforo vermelho a 200 m, primeiro tire o pé do acelerador e depois reduza as marchas progressivamente antes de recorrer aos freios. Você não perde tempo perdendo isso, mas evita desgaste do carro e economiza combustível.
Ao reduzir marcha sem acelerar, a injeção de combustível no motor é interrompida: por mais que a rotação aumente, nenhum mililitro de combustível é queimado.
Sistema de ar-condicionado modernos são mais eficientes (Divulgação/Honda)
A direção elétrica, tão comum hoje, não rouba força do motor como a hidráulica. Mas ainda são raríssimos os carros com ar-condicionado que não depende do motor do carro e usam um motor elétrico próprio para isso.
O ar-condicionado ligado pode aumentar o consumo em mais de 5%. Como o Brasil é um país quente, talvez não valha à pena o desconforto para ter essa economia. Mas vale ponderar o uso em dias de temperatura amena.
Em alguns carros, como o Toyota Corolla e o Ford EcoSport, o compressor do ar-condicionado tem volume variável (entre 5% e 100%), que permite um gerenciamento mais eficiente do sistema, captando menos energia do motor.
Para se beneficiar disso, basta evitar deixar a cabine mais fria do que o necessário.
Não descuide da manutenção. Carro desregulado gasta e polui mais. Filtros saturados comprometem a mistura de ar e combustível. Velas gastas prejudicam a ignição (Acervo/Quatro Rodas)
São as velas as responsáveis pela ignição do combustível dentro do motor. Se elas estão gastas, o consumo pode aumentar em até 25%. Filtro de ar saturado ou os de óleo e combustível entupidos podem, cada um, fazer o motor gastar 20% mais combustível.
É o pior dos mundos. O carro estará gastando mais combustível e terá desempenho péssimo. Resolver tudo isso dificilmente custará mais de R$ 200.
Também deve-se trocar o óleo do motor nos prazos certos. Um óleo de má qualidade ou vencido aumenta o atrito interno do motor. Assim, parte da energia que iria para as rodas é perdida com maior aquecimento do motor.
Leve no porta-malas apenas o que realmente é necessário (Ford/Divulgação)
Você é daqueles que não enchem o tanque do carro para que ele não fique pesado? Sua estratégia tem lógica, mas o impacto disso é pequeno.
50 kg a mais no carro aumenta o consumo em 1%. Considerando que um litro de álcool ou gasolina pesa, em média, 720 g, o tanque do carro deveria ter 70 l de capacidade para impactar o consumo em 1%. Mas os tanques de hoje raramente superam os 50 l.
Mas é possível alcançar uma redução de peso significativa se você retirar algumas tralhas do carro. São a caixa de ferramentas, o guarda-sol e as peças de roupas esquecidas no porta-malas, por exemplo.
Bicicleta do lado de fora prejudica a aerodinâmica e piora o consumo (Marco de Bari/Quatro Rodas)
Quanto mais aerodinâmico seu carro for, menor a resistência de ar e maior a economia de combustível. Tudo bem que essa questão depende bastante do design e do projeto do carro, mas você pode fazer sua parte.
Retirar o bagageiro ou o suporte de bicicletas do teto quando não estão em uso são algumas estratégias. Outra é fechar as janelas acima dos 80 km/h.
Ladeiras exigem mais do motor (Ivan Carneiro/Quatro Rodas)
Seu carro será mais eficiente em estradas ou vias expressas, onde é possível manter velocidade constante, do que em vias urbanas, onde você está sujeito a semáforos.
Vale ficar atento às subidas, onde o carro gastará mais combustível. Por outro lado, é possível aproveitar a gravidade ao descer uma ladeira. Basta seguir o princípio do freio-motor: tire o pé do acelerador, mas mantenha o carro engrenado.