O agravamento da crise na Argentina deverá fazer com que as montadoras brasileiras revejam a expectativa de repetir o resultado histórico das exportações de carros do ano passado.
A associação das fabricantes (Anfavea) afirmou que vai rever para baixo a previsão para este ano, que era de estabilidade sobre 2017, quando houve recorde. A nova projeção será divulgada em outubro.
A Argentina é o destino de mais de 70% dos veículos exportados pelo Brasil. Entre janeiro e agosto últimos, 344 mil carros foram enviados ao país vizinho. O volume é cerca de 4% menor do que o do mesmo período do ano passado.
Segundo o presidente da Anfavea, Antonio Megale, a expectativa era de que o mercado argentino alcançasse de 900 mil a 1 milhão de veículos emplacados neste ano. Mas agora as expectativas são de 700 mil a 800 mil.
Da Argentina ao Brasil
Na última segunda (3), o presidente argentino Mauricio Macri anunciou mais medidas para tentar conter a crise. Entre elas, estão novos impostos para exportações.
“Estamos bastante preocupados com as medidas que estão sendo tomadas”, disse Megale. “A taxação das exportações dos produtos argentinos é uma medida extrema.”
Além de vender veículos para o país vizinho, o Brasil também importa modelos fabricados lá. "Com essa taxação para as exportações da Argentina, os preços podem subir aqui no Brasil", disse o executivo.
Macri também negociou um adiantamento de recursos com o Fundo Monetário Internacional (FMI), para garantir o financiamento do país, em meio a temores de uma potencial interrupção dos pagamentos da dívida.
“Se o FMI liberar recursos de forma antecipada, a situação pode se acalmar”, concluiu Megale.
Além da Argentina, as vendas do Brasil para o México caíram neste ano.
"O México teve uma queda, proporcionalmente, ainda maior. Passou de 61,5 mil (veículos vendidos) entre janeiro e agosto do ano passado pra 31 mil no mesmo período desse ano", disse Megale.
Mais revisões
Fora a projeção de menos exportações, a Anfavea também vai rever a expectativa para a produção, pela segunda vez. Esses números já tinham sido revistos, para baixo, em julho.
Já a previsão de vendas no mercado brasileiro deverá ser mais otimista. A atual é de 11,7% de crescimento.
“Vai de cada empresa tomar medidas para ajustar a produção. Acredito que sim, uma ou duas fabricantes podem tomar medidas nesse sentido”, disse Megale sobre a possibilidade de suspensões de contrato (layoff) ou férias coletivas em montadoras.