Novidades

06 AGO

Novo BMW i3: de SP ao Rio sem gastar uma gota de combustível

BMW i3 reestilizado tem leds no para-choque e bateria de maior capacidade (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A única coisa que impedia um carro elétrico ir de uma ponta a outra da Rodovia Presidente Dutra era a paciência. Sem uma estrutura específica para atravessar os 430 quilômetros que separam São Paulo do Rio de Janeiro, a viagem poderia levar até 45 horas com o antigo BMW i3.

O tempo inclui as quatro paradas necessárias para recarga e cinco horas ao volante – a razão para isso eram os 130 km de autonomia elétrica.

No entanto, o carregador convencional que vem com o carro requer raras tomadas de 20 ampere aterradas – esse equipamento repõe 80% da carga em 10 horas. Esse era outro empecilho.

Curiosidade: no final da década de 1930, essa viagem podia ser feita de trem em menos de 12 horas.

É possível encarar quilômetros de trânsito sem precisar recorrer ao pedal de freio (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Mas isso tudo muda com os seis pontos de recarga rápida instalados na rodovia, sob uma parceria entre a empresa de energia EDP, a BMW e os Postos Ipiranga, formam o maior corredor elétrico da América Latina.

Agora é viável percorrer os 430 km que separam as duas maiores cidades do país sem gastar uma gota de combustível.

QUATRO RODAS foi a primeira publicação a experimentar a novidade a bordo do novo BMW i3.

Afora o novo para-choque dianteiro, com leds para as setas onde havia faróis de neblina, a principal novidade do modelo é sua bateria 50% maior: passou de 22 kWh para 33 kWh.

Na traseira, novidade é o friso prateado na base da tampa do porta-malas (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Considerando a capacidade líquida, passou de 19 kWh para 27,2 kWh. A autonomia elétrica subiu para 180 km.

Os motores não mudaram. Há o elétrico, de 170 cv e 25,5 mkgf de torque, e o motor de combustão interna, um dois-cilindros com 647 cm³ que gera 39 cv e 5,6 mkgf de torque. Ele funciona apenas como gerador: o tanque de gasolina de 9 litros garante mais 150 km de autonomia. Desta vez ele ficará desligado. 

Começamos a jornada com 99% da carga e 207 km de autonomia estimada no pequeno quadro de instrumentos digital. A ideia é dirigir tranquilo em modo ECO PRO, que reduz o consumo de energia do ar-condicionado e, o mais importante, torna o pedal de acelerador mais progressivo.

Condução em estrada diminui a autonomia da bateria (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Ao entrar na Via Dutra, 31 km depois, a surpresa: agora os 87% de bateria restantes renderiam 215 km. A baixa velocidade no trânsito reduz o consumo de energia do motor.

O anda-e-para ainda estimula o sistema de recuperação de energia. Basta que eu tire o pé do acelerador para o carro frear progressivamente. Eu não teria usado o pedal de freio até aquele momento não fosse pela fechada de um Lancer.

Mas a bateria rendeu o suficiente para não parar ponto de recarga mais perto de São Paulo, o AM/PM Estação, a 84 km do ponto de partida. Eu só pararia 40 km à frente no Auto Posto GAP, em São José dos Campos.

Primeira recarga dura 1h15 e leva a bateria aos 81,5 (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Bastou apontar no posto para a frentista chegar com o cartão que permite que eu inicie a carga, embora o carro tenha seu próprio cartão.

Basta conectar o carregador para que o veículo a trave de forma que ninguém poderá interferir no carregamento. Não há risco de sabotagem: a tomada só destrava destrancando o veículo ou por meio da estação de recarga, já liberada pelo cartão.

Após um café de 1h15, retornamos. A carga havia saltado de 47% para 81,5%. Estranho, pois seria tempo suficiente para chegar aos 100%. Tudo bem: a autonomia de 172 km seria suficiente para não recarregar em Guaratinguetá e parar apenas em Queluz, já na fronteira com o Rio de Janeiro.

Dito e feito: 142 km depois, chegamos ao movimentado Graal Estrela e o BMW i3 ainda tem 12% da carga.

O design do BMW i3 já desperta a curiosidade das pessoas. Ao lado da estação de recarga, nem se fala… (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Hora de fazer fotos, mas não sem antes responder perguntas sobre autonomia, preço do carro e custo de recarga aos viajantes que desciam dos ônibus parados ao lado.

Um i3 Full como este, com estacionamento automático, teto-solar duplo, ar-condicionado digital e bancos de couro marrom e som Harman Kardon, custa R$ 239.950. A versão de entrada, sem sensor de estacionamento e com central multimídia mais simples, custa R$ 199.950.

As recargas serão gratuitas até o final deste ano, mas a EDP e a BMW estimam que gasta-se em eletricidade um quinto do custo de combustível com um carro a gasolina que faz 10 km/l.

Considerando que em São Paulo o custo por kWh é de R$ 0,60, uma carga do i3 custaria R$ 16,32. Mas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou regulamentação para livre negociação de preços de recarga.

Na prática, o único custo que se tem hoje é de pedágio: R$ 59,70. Fora os vários lanches, claro.

Apesar da demora, segunda recarga permite cruzar a fronteira com o Rio de Janeiro (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Foram 2h na tomada para a bateria chegar aos 65,5%. É pouco, mas suficiente para recarregar apenas em Piraí (RJ), a 100 km dali, onde estão os dois únicos pontos de recarga no Rio de Janeiro ficam no mesmo ponto da estrada.

No sentido São Paulo, o Posto Nacional. No sentido Rio, a Casa do Mamão – onde paramos. Era um dia movimentado e havia uma Renault Oroch na vaga demarcada para carros elétricos.

Havia uma Oroch parada na vaga para carros elétricos (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

O frentista corre até o restaurante à procura do proprietário. Encontrado, o senhor gentilmente retira o carro e confessa: “eu não ia parar aqui, mas o rapaz falou que podia porque ninguém usava o carregador”. Tá perdoado.

De acordo com Henrique Mamão, proprietário do local, até o momento aquele ponto de recarga só havia sido usado pela própria BMW durante seus testes. E observando esses testes, ele notou que não estávamos usando o padrão de carga mais rápido.

O AC43 usa apenas os conectores de cima. Já o CCS, de corrente contínua, recorre a todos os pontos de contato (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Quem faz a magia não é o conector branco, identificado no carregador como AC43 – e igual ao conector doméstico ou disponível em shoppings –, mas sim o preto, CCS, com dois conectores extras.

Não há identificação dos padrões suportados nem no carro e nem no manual, que os aborda de forma pouco clara e com nomes diferentes: “Mode 2” para o AC43 e “Mode 4” para o CCS. Também não tem desenhos dos conectores compatíveis, como há na estação de carregamento.

Com o carregador certo, 45 minutos recuperaram quase toda a bateria (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Fomos salvos pelo Sr. Mamão. Em 1h a carga da bateria saltou de 17% para 99%. A autonomia de 202 km era o dobro do necessário para chegar ao Aterro do Flamengo e ainda poderia aproveitar a descida da Serra das Araras para recarregar mais um pouco – mais exatamente 3% ao longo de seus  8 km.

Somando o trânsito da Av. Brasil ao chegar ao Rio de Janeiro, foram quase 10h de viagem até sentir o cheiro do mar e ver a sombra do Pão de Açúcar, algo recompensador para um carioca que mora em São Paulo.

Demorou, mas a culpa não foi do carro. A viagem teria durado menos de 7 horas usando apenas o carregador rápido.

Vejamos pelo lado positivo: não houve emissões de poluentes e essa mesma viagem de trem, quando era possível fazer, teria demorado ainda mais.

460 km depois, o Aterro do Flamengo (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

03 ABR
Boneco de R$ 4 milhões, pancada de R$ 400.000: os custos de um crash-test

Boneco de R$ 4 milhões, pancada de R$ 400.000: os custos de um crash-test

São os 4 segundos mais importantes da vida de um carro – e da sua também (Latin NCAP/Divulgação)Quanto custa e quanto tempo é preciso para salvar uma vida? Um crash-test frontal feito pelo Latin NCAP demora, em média, 4 segundos. A colisão propriamente dita é ainda mais rápida, com duração de 120 milésimos de segundo.Só que essa efemeridade esconde meses de planejamento, “passageiros” mais caros que o próprio carro e um gasto superior a R$ 400.000.Para entender o complexo... Leia mais
02 ABR
Após anunciar híbridos, Jeep confirma que terá veículo 100% elétrico

Após anunciar híbridos, Jeep confirma que terá veículo 100% elétrico

Jeep é líder de vendas no segmento de SUVs aqui no Brasil (Divulgação/Jeep)Como QUATRO RODAS já havia adiantado no início de 2020, a Jeep planeja entrar de vez no mercado de veículos híbridos dando versões ao Renegade, Compass e Wrangler, que chegarão ao mercado em 2021.No entanto, a empresa surpreendeu novamente ao informar que, além dos três modelos com tecnologia híbrida plug-in, está trabalhando em um carro com motorização 100% elétrica – que será o primeiro da... Leia mais
02 ABR
Grandes comparativos: os envenenados Opala-E, Fusca Envemo e Corcel-Bino

Grandes comparativos: os envenenados Opala-E, Fusca Envemo e Corcel-Bino

Este foi um comparativo feito e escrito pelo saudoso Expedito Marazzi para edição de Abril de 1970 da Revista Quatro Rodas. Na época existiam varias preparadoras de carros no Brasil. E o termo veneno, era visto sempre nas edições da revista. Aqui ele analise três clássicos Brasileiros, que vão trazer grandes lembranças da década de 1970. Confira:– (Quatro Rodas/Reprodução)De categorias muito diferentes, o Opala 3800, o Corcel e o Volkswagen Fusca 1300 não podem ser comparados em... Leia mais
02 ABR
Dez carros de rua que usam motores de F1 e são insanamente velozes

Dez carros de rua que usam motores de F1 e são insanamente velozes

É muito comum ouvirmos que a Fórmula 1 é um laboratório para as fabricantes desenvolverem tecnologia para as ruas.Porém, estas tecnologias das pistas devem ir um tanto mais mansas para as ruas, não? Conheça dez casos de carros (protótipos ou não) que ganharam os motores brutos usados nas corridas.– (Reprodução/Internet)Na década de 1980, a empresa italiana resolveu montar um supercarro para competir na Fórmula S. A carroceria era toda do sedã 164, que ganhou um V10 com mais de... Leia mais
02 ABR
QUATRO RODAS de abril: desvendamos tudo sobre a nova Fiat Strada

QUATRO RODAS de abril: desvendamos tudo sobre a nova Fiat Strada

Edição de abril: cardápio variado para aliviar o stress da quarentena (Arte/Quatro Rodas)Pausa na quarentena! Dia 6 de abril, bancas e assinantes recebem a edição que nem a Covid-19 conseguiu barrar. Preparamos um dossiê completo sobre a nova geração da picape mais vendida do Brasil. Versões, motores, capacidade de carga, volume de caçamba, rivais…Para os fãs do SUV, tem uma ampla avaliação da nova geração do Chevrolet Tracker. Será que o modelo consegue bater os líderes de... Leia mais
02 ABR
Teste: novo Chevrolet Tracker 1.2 supera rivais em desempenho e consumo?

Teste: novo Chevrolet Tracker 1.2 supera rivais em desempenho e consumo?

Novo Tracker custa de R$ 70.000 (PcD) a R$ 112.000 (Premier 1.2 turbo) (Christian Castanho/Quatro Rodas)Um dos grandes lançamentos do ano e o último antes da quarentena imposta pelo surto do novo coronavírus, o novo Chevrolet Tracker chegou estreando o novo motor 1.2 turbo e prometendo um consumo de quase 15 km/l.Para saber se, na prática, a terceira geração do SUV compacto supera seus principais rivais em desempenho e consumo, QUATRO RODAS decidiu confrontar sua ficha de desempenho e... Leia mais