Novidades

03 AGO

Jeremy Clarkson: A Toyota Hilux não é tão indestrutível quanto parece

A Hilux expulsou americanos do Iraque, mas não resistiu aos campos ingleses (Divulgação/Toyota)

Há muitos anos, quando apresentava o Top Gear, eu assistia ao telejornal e, como de hábito, havia vários vídeos de pessoas do Oriente Médio atirando em americanos de dentro das caçambas de suas picapes Toyota.

Eu não podia deixar de pensar: o quanto elas são resistentes? Então, no dia seguinte, compramos uma Hilux e decidimos ver o quanto de estragos ela suportaria antes de parar de funcionar.

Eu a fiz bater em várias coisas, joguei-a de um guindaste, ateei fogo nela, atingi-a com uma bola de demolição, deixei-a sob o mar por horas e, quando nada disso a fez parar de funcionar, a colocamos no topo de um prédio que então foi implodido. 

Isso foi um enorme risco, porque se a Hilux não tivesse se recuperado de uma de suas provações, teríamos sido forçados a dizer: “Bom, aí está, pessoal. Você não pode deixar uma picape Toyota no mar e esperar que ela funcione”. E o público teria respondido: “Ah, é? Não me diga…”

Felizmente, a Hilux sobreviveu a todas as torturas e esse episódio deve ser a coisa mais lembrada que já fizemos. Acho que até a Toyota ficou um pouco espantada com sua durabilidade, pois a picape em frangalhos, mas ainda capaz de funcionar, passou algum tempo na recepção de sua sede mundial no Japão. 

Anos depois, quando decidi que o James May e eu deveríamos viajar de carro até o Polo Norte sem nos esganarmos, havia um único veículo que achamos que estava à altura da jornada: a versão mais nova da Hilux. “Errado”, disseram nossos contatos na Islândia.

“Ela continua sensacional se quiser atirar em americanos, mas para cruzar um oceano congelado teria de ser reforçada e receber pneus enormes e um tanque de combustível maior.” E, assim, apesar de termos usado uma Hilux bem modificada, toda manhã o motor pegava, mesmo com um frio de -50 oC, e nenhuma peça parecia ter sido afetada.

Não é de admirar que a Hilux topo de linha no Reino Unido agora seja chamada de Invincible X.

Alguns dizem que, desde que a Land Rover tirou o Defender de linha, os fazendeiros dos rincões mais inóspitos da nação ficaram meio desamparados. Mas a verdade é que eles migraram para picapes.

Resistência, durabilidade e custo/benefício: você consegue tudo isso com a Nissan, Mitsubishi e, é claro, Toyota. Por aqui, a Hilux básica custa 24.155 libras (R$ 119.000).

Já a cabine dupla toda equipada, com GPS, bancos de couro, capacidade de rebocar 3,5 toneladas e uma caçamba que é medida em hectares, custa 37.345 libras (R$ 185.000). Isso significa 37.345 libras por algo que é um Range Rover com porta-malas maior.

Eu usei uma em Oxfordshire e não lembro de outro carro que atraísse tanto a atenção. Pedreiros, marceneiros e fazendeiros não têm tempo para supercarros ou off-roads de butique usados por turistas de fim de semana.

Eles só gostam de picapes e, no mundo deles, uma Hilux Invincible, topo de linha, é mais incrível do que a carruagem dourada da rainha. Eu vi um camponês, com o rosto curtido pelo tempo, chegar a acariciá-la ao passar por ela.

Por que a Toyota foi trocar aquelas alavancas pelos botões eletrônicos? (Divulgação/Toyota)

No dia seguinte, no meu sítio em Oxfordshire, tudo estava indo bem, quando cheguei a um pequeno morro. Sim, ele é um pouco íngreme e o piso estava molhado. Mas meu velho Range Rover já o encarou de olhos fechados.

Então, a Hilux – que expulsou os americanos do Afeganistão e do Iraque e hoje está mantendo os russos à distância na Síria – não teria nenhum problema.

Eu nem me preocupei em ativar qualquer um dos recursos off-road mais pesados. Mas, espere aí: o que é isso? As rodas estão girando em falso!

Então parei, girei o botão para selecionar a reduzida e apertei outro para bloquear o diferencial traseiro. Para meu espanto, muitos bipes soaram e luzes piscaram – para me dizer que nenhuma dessas coisas estava funcionando direito.

Eu teria ficado menos surpreso se o sol tivesse nascido no Oeste. Por isso, pensei que tinha feito algo errado. Mas não. E ela não saía do lugar. Então, desci o morro de ré, desligando tudo. Daí liguei tudo de volta e, de novo, só consegui bipes e luzes. Dei ré mais algumas vezes, já que isso costuma funcionar. Mas só consegui mais lama nos pneus.

Mal posso acreditar. Eu estava numa Hilux, no terreno suavemente ondulado de Cotswolds, atolado. E, o mais incrível, por causa de uma falha mecânica. Só que não era isso.

Eu estava atolado ali porque, em vez das antigas alavancas que a Toyota costumava usar, o câmbio e o diferencial são operados eletronicamente, e eletrônica em um carro projetado para vencer batalhas contra aviões de ataque e helicópteros blindados é algo tão burro quanto eletrônica em um arpão de caça submarina para defesa contra tubarões.

A pior coisa sobre eletrônica é que as falhas são quase sempre intermitentes. Então, depois de desligar a Hilux, andar até minha casa e voltar com outro carro e um cabo de reboque, ela funcionou e saiu do atoleiro por conta própria. Mas daí o bloqueio do diferencial e a reduzida não queriam desativar. Isso durou uns 15 minutos.

Por fim, resolveram obedecer. Foi irritante para mim, e seria bem mais irritante para um fazendeiro de verdade. Com o Brexit vindo, não há mais tempo para quebras no meio da temporada de nascimento de cordeiros. Já no Oriente Médio, talvez fosse fatal.

Eu poderia continuar, para dizer que o motor da Hilux é um pouco áspero e que o espaço para os passageiros do banco de trás é apertado. Mas isso é meio falar para uma pessoa com câncer terminal que ela tem uma unha encravada. 

O fato é que existe uma única razão para comprar uma Toyota Hilux. Que ela será inquebrável. Mas a minha quebrou.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

21 NOV

Vídeo: dirigimos a nova Ram 2500, picape que faz Fiat Toro parecer Strada

A nova Ram 2500 chegou ao Brasil neste mês e nós já dirigimos a maior picape do país com exclusividade. O modelo chega com visual atualizado – e inspirado na irmã menor 1500 –, novas tecnologias e versão única por R$ 289.990.Por aqui, o único motor disponível será o 6.7 turbodiesel com 365 cv de e 110 mkgf, sempre associado ao câmbio automático de seis marchas. Além disso, há sistema de tração 4×4, marcha reduzida e bloqueio de diferencial traseiro.Em relação à lista de... Leia mais
21 NOV
Audi RS Q8 é quase tão forte quanto um Urus custando menos da metade

Audi RS Q8 é quase tão forte quanto um Urus custando menos da metade

– (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)Se o Audi Q8 vendido no Brasil, com motor V6 3.0 de 340 cv, não consegue dar ao motorista a sensação de esportividade que o visual dá, o RS Q8 apresentado no Salão de Los Angeles promete mudar isso. A grade com acabamento em preto brilhante e formato de favos de mel é exclusiva da versão, assim como o spoiler traseiro, maior e funcional, e a peça que faz as vezes de extrator na base do para-choque traseiro. – (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)Como... Leia mais
21 NOV
VW ID Space Vizzion: a perua que vai fazer você suspirar por um elétrico

VW ID Space Vizzion: a perua que vai fazer você suspirar por um elétrico

ID Space Vizzion servirá de base para uma perua elétrica com lançamento previsto para 2021 voltada para o mercado europeu (Henrique Rodrigues/Quatro Rodas)A Volkswagen escolheu o Salão do Automóvel de Los Angeles para apresentar seu novo conceito, o ID. Space Vizzion.A opção dos EUA como país de lançamento surpreendeu. Isso porque o ID Space é uma perua, segmento que está em decadência no país – assim como no Brasil.Talvez a ideia seja justamente (tomara) fazer o consumidor... Leia mais
21 NOV
Kia Seltos: SUV com porte de Creta e motor de Tucson deve vir ao Brasil

Kia Seltos: SUV com porte de Creta e motor de Tucson deve vir ao Brasil

– (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)Faz tempo que a Kia tem o desejo de entrar no segmento de SUVs compactos na tentativa de repetir o relativo sucesso do Sportage, seu carro mais vendido no Brasil.Isso, se tudo der certo, pode acontecer já no segundo semestre de 2020, com o lançamento da nova geração do KX3, que surgiu na china em 2015 e que agora ganhará o mundo rebatizado de Kia Seltos.Entre estes novos mercados estão México, onde estreia no final de janeiro, e os Estados Unidos,... Leia mais
21 NOV
Caoa Chery encerra vendas do QQ, e Brasil perde seu “carro mais barato”

Caoa Chery encerra vendas do QQ, e Brasil perde seu “carro mais barato”

Caoa Chery New QQ (Christian Castanho/Quatro Rodas)O subcompacto Caoa Chery QQ não é mais produzido nem vendido no Brasil.A informação foi confirmada em primeira mão pelo parceiro Autos Segredos, que em julho já havia noticiado o encerramento da linha de montagem do pequeno hatch em Jacareí (SP).No configurador do site oficial da marca, já não há mais vestígios do modelo. Agora, apenas o sedã Arrizo 5 e os SUVs Tiggo 2, 5X e 7 constam no catálogo de opções... Leia mais
21 NOV
Top Ten: estes conversíveis têm os tetos mais bizarros que você já viu

Top Ten: estes conversíveis têm os tetos mais bizarros que você já viu

– (divulgação/Quatro Rodas)Com quase 4 milhões de unidades de 1957 a 1975, não é de estranhar que o Fiat 500 tenha se tornado um ícone italiano. Por isso, ele voltou todo novo em 2007, mas manteve o visual retrô, incluindo a persiana de tecido que corria sobre trilhos até a janela traseira, só que agora com acionamento elétrico.– (Divulgação/Quatro Rodas)– (Divulgação/Mercedes-Benz)Patenteado por Georges Paulin, o mecanismo elétrico do teto de metal móvel do Peugeot 402... Leia mais