Novidades

19 JUN

Recusas ao bafômetro superam multas por dirigir bêbado nas rodovias federais

A Lei Seca completa 10 anos nesta terça-feira (19) com um impacto na segurança viária brasileira, mas ainda possui brechas que perpetuam um sentimento de impunidade. Segundo especialistas, uma delas atualmente é a possibilidade de recusa ao teste do bafômetro, que já supera o número de flagrantes por dirigir alcoolizado nas estradas federais.

Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em 2017 foram registradas 20.486 negativas ao teste, enquanto outros 19.083 motoristas foram multados por embriaguez. Já neste ano, foram 6.671 negativas e 5.909 autuações por uso de álcool até maio.

A recusa ao bafômetro é uma infração de trânsito gravíssima com a mesma penalidade de dirigir depois de beber álcool, ou seja, multa de R$ 2.934,70, possibilidade de suspensão por 12 meses e retenção do veículo.

Remendos na lei

A penalidade para quem se nega a fazer exame clínico para constatar a embriaguez está prevista na Lei Seca desde 2008. No entanto, motoristas começaram a recusar os testes por causa de um princípio constitucional: ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo.

Uma série de decisões judiciais permitiram isso. Por isso, em 2012, a legislação foi alterada para que a autoridade possa verificar a embriaguez também por meio de sinais de alteração da capacidade psicomotora, além de imagens e vídeos.

Para isso, o agente de trânsito deve preencher um auto de constatação, com pelo menos 2 de 18 sinais possíveis – entre eles odor de álcool no hálito, vômito, soluços, agressividade, falta de orientação quanto a data e hora, dificuldade no equilíbrio e alteração na fala.

Feitiço contra o feiticeiro

Em 2016, para tentar reduzir as negativas, a recusa do teste de alcoolemia foi transformada em infração de trânsito no artigo 165-A do CTB. A controvérsia teórica continuou, já que a rejeição passou a ser vista como uma "admissão de culpa".

"É inconstitucional porque pune pela presunção. A Constituição Federal não admite a culpabilidade presumida até o trânsito em julgado", afirma Mauricio Januzzi, presidente da Comissão de Direito do Trânsito do OAB-SP.

Além disso, a novidade trouxe uma mudança no trabalho dos agentes, que acabaram deixando de lado os autos de constatação de embriaguez, segundo Andréa Resende, especialista em Direito de Trânsito.

"A lei foi muito bem feita, nosso código de trânsito é evoluído, há resolução ensinando o agente como aplicar, mas ele não está cumprindo. Desde que entrou em vigor o artigo 165-A, os agentes pararam de fazer o relatório de embriaguez", diz Resende.

Com isso, um novo entendimento de juízes pode invalidar as consequências da recusa ao bafômetro.

Jurisprudência

Em decisão de 22 de maio, uma turma do Tribunal de Justiça do Distrito Federal livrou um motorista que se negou a fazer o teste, inclusive com restituição do valor da multa. No caso em questão, o auto de embriaguez estava em branco.

"É dever do agente de trânsito, verificando o estado de embriaguez, registrar a ocorrência de forma circunstanciada, a fim de que o ato administrativo por ele exarado goze dos atributos de presunção de legitimidade e veracidade e ganhe altitude suficiente a suprir o laudo de alcoolemia", afirmou o relator Asiel Henrique de Sousa.

Além da falta dos sinais indicativos, qualquer falha no processo da autuação é uma oportunidade para empresas especializadas em recursos contra multas, por exemplo, se o agente deixa de dar opção de outro teste clínico (exame de sangue) ou não inclui o número de registro do bafômetro usado na abordagem.

No entanto, no Rio de Janeiro e em São Paulo, pelo menos duas decisões recentes mantiveram as punições administrativas pela recusa ao bafômetro, sem a necessidade de sinais de embriaguez.

"Embora para que possa responder penalmente haja a necessidade de que exista prova técnica sobre o teor de álcool no sangue do motorista, para fins meramente administrativos a situação é oposta, já que não se coloca em risco o direito de ir e vir, como ocorre com uma sentença penal condenatória", diz a desembargadora Lúcia Lima, da 12ª Câmara Cível do Rio de Janeiro.

Impunidade criminal

Em todos estes casos a discussão é sobre as penalidades administrativas (multa e a suspensão da CNH), mas a Lei Seca também prevê punição por crime de trânsito, quando o condutor tem concentração de álcool igual ou superior a 0,6 g/L no sangue ou acima de 0,34 mg/L no bafômetro.

A autoridade também pode enquadrar o motorista por crime de trânsito com base nos sinais de alteração psicomotora, mas especialistas afirmam que os agentes passaram a autuar mais pela simples recusa ao teste, sem fazer outros exames ou indicar possíveis características de embriaguez.

Outro fato que reforça essa visão é a queda no número de detidos em flagrante pela Lei Seca. A PRF passou a encaminhar menos motoristas para a delegacia a partir de 2014, quando começou a multar pela recusa ao bafômetro.

De acordo com Januzzi, motoristas embriagados estão preferindo enfrentar as consequências de uma penalidade meramente administrativa do que soprar o etilômetro e correr o risco de registrar níveis acima de 0,34 mg/L.

Nestes casos, o condutor é encaminhado para a delegacia e pode responder a um processo criminal, com pena prevista de 6 meses a 3 anos de prisão. Mas, na maioria dos casos, ele é liberado após pagamento de fiança e responde em liberdade. Se for condenado, a pena pode ser convertida em prestação de serviços ou cestas básicas.

"O estado prefere ter a multa porque vai arrecadar com ela, sem educar, em vez de autuar no criminal que só tem despesa com processo e não vai arrecadar", afirma.

Em nota ao G1, a PRF afirma que a recusa de se submeter ao teste "é uma escolha do condutor", por isso não pode determinar a causa do crescimento.

Fonte: G1

Mais Novidades

22 AGO

Montadoras estrangeiras com fábricas nos Estados Unidos são contra plano de Trump para Nafta

Montadoras estrangeiras com fábricas dos Estados Unidos não apoiam o plano do presidente Donald Trump para elevar o conteúdo local em veículos fabricados na América do Norte, o grupo que representa empresas como Toyota, Volkswagen e Hyundai tem dito aos a parlamentares dos EUA. As negociações entre o Ministro da Economia do México, Ildefonso Guajardo, e o representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, devem ser retomadas em Washington para tentar resolver questões... Leia mais
22 AGO

Veja os sedãs pequenos e compactos mais econômicos do Brasil, segundo o Inmetro

Entre janeiro e julho deste ano, foram emplacados mais de 200 mil sedãs pequenos e compactos, de acordo com os números e a classificação da Fenabrave. O segmento é bastante vasto, e possui mais de 10 modelos, muitos com diversas motorizações. Mas, qual se destaca por ser o mais econômico? Veja os SUVs mais econômicosPopulares, mas 'beberrões': SUVs mais vendidos não são os mais econômicosVeja o consumo de 1.103 carros, segundo o Inmetro O G1 listou os 14 sedãs... Leia mais
21 AGO

Jac mostra novo T50 e abre pré-venda a partir de R$ 82.990

A Jac abriu nesta terça-feira (21) a pré-venda do novo T50. O SUV compacto era conhecido como T5. Além da mudança de nome, ele ganhou visual e motor atualizados e novos equipamentos. As entregas estão programadas para começar em 17 de outubro, e os preços começam em R$ 82.990. Veja abaixo os principais equipamentos: Pack 2 – R$ 82.990: direção elétrica, ar-condicionado digital, vidros, travas e retrovisores elétricos, controles de tração e estabilidade, central... Leia mais
21 AGO

Auto Esporte mostra a versatilidade do SUV Tiggo 2

O que um adestrador de cães, uma professora e um cozinheiro têm em comum? A necessidade de um carro que dê conta dos afazeres do dia a dia. O Auto Esporte desse domingo reuniu esses perfis para mostrar a versatilidade do Tiggo 2, SUV da Caoa Chery que pode ser definido pela expressão em inglês The Right Size, por reunir tamanho ideal, tecnologia embarcada em uma faixa de preço atrativa. O adestrador Fernando Lopes, por exemplo, precisa de um carro com espaço interno e conforto... Leia mais
21 AGO

SUVs mais vendidos do Brasil não estão entre os modelos mais econômicos, segundo o Inmetro

A lista dos SUVs mais econômicos, de acordo com os dados do Inmetro, foi encabeçada por veículos que não vão tão bem em outro critério: números de vendas. Por outro lado, os considerados "best-sellers", como Honda HR-V, Jeep Renegade e Hyundai Creta, passam longe de serem considerados exemplos de economia de combustível. Veja o consumo de combustível de 1.100 carros Entre os SUVs compactos, apenas o Kicks, terceiro mais vendido entre janeiro e julho, também aparece entre... Leia mais
21 AGO

Harley-Davidson lança inédita FXDR, primeira moto de sua 'nova fase'

A Harley-Davidson revelou nesta terça-feira (21), nos Estados Unidos, a inédita FXDR 114, modelo que é o primeiro de uma nova série de lançamentos da empresa, que terá moto aventureira, elétricas e até um produto de baixa cilindrada. Trump apoia boicote contra Harley-Davidson por fábrica fora dos EUA Apesar de trazer muitas novidades ao portfólio da empresa com um visual mais moderno e esportivo, a FXDR ainda não possui a nova plataforma da empresa será a base para Pan... Leia mais