Novidades

04 JUN

Volkswagen Delivery Express, um caminhão disfarçado de picape

Os degraus de acesso ficam escondidos pelas portas, o que dificulta assaltos (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Se a Volkswagen Amarok é um carro de passeio disfarçado de picape, o novo Volkswagen Delivery Express é um caminhão disfarçado de picape.

O preço, por sinal, é igual: por R$ 141.000 leva-se o Express Trend ou uma Amarok 2.0 SE.

Menor integrante da nova geração dos Delivery, o Express é o primeiro caminhão Volkswagen que pode ser dirigido por motoristas comuns, com habilitação B.

O segredo está no peso bruto total (PBT), a soma do veículo com sua capacidade de carga.

O Express tem quase o mesmo conforto de um automóvel. Na pista, retomada próxima à do UP! TSI (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A carteira B permite dirigir veículos com até oito passageiros e que não excedam os 3.500 kg – que é justamente o PBT homologado do Delivery Express (o PBT técnico é de 4.000 kg).

Em outras palavras, quem dirige um Gol ou uma Amarok pode dirigir o Express, mas não pode dirigir uma RAM 2500, que tem PBT de 4.536 kg.

Caçamba de aço “rouba” 400 kg dos 1.485 kg de capacidade de carga (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Quem quiser trabalhar dirigindo o Express só precisará incluir na habilitação que exerce atividade remunerada, mesma exigência para taxistas e motoristas de aplicativos como Uber e Cabify.

Para a legislação, o Express é como um Kia Bongo ou um Hyundai HR.

Paga o pedágio de automóvel e não tem nenhuma restrição de circulação em cidades ou estradas – nem mesmo de velocidade.

Porém, é obrigado a ter freios ABS, airbags frontais (o do carona, com 160 litros, é o maior da América Latina por conta do tamanho da cabine) e cintos com pré-tensionadores – em 2022, deverá ter controle de estabilidade (ESP).

Volante tem regulagem de altura e profundidade (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A versão Trend ainda traz de série ar-condicionado, direção hidráulica, piloto automático, leds diurnos, faróis de neblina e retrovisores elétricos.

Você não entra no Delivery Express, você sobe. Os degraus de acesso ficam escondidos pelas portas, estratégia comum em caminhões modernos para melhorar a aerodinâmica e dificultar assaltos.

A cabine com espaço confortável para três ocupantes é igual em todas as versões (a maior tem PBT de 13,2 toneladas).

Ampla, ela permite caminhar de um lado a outro dela sem dificuldades, pois a alavanca de câmbio fica bem próxima dos assentos.

Há prateleiras no teto porta-objetos atrás do banco central (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Há vários porta-objetos. No teto, há uma prateleira e nichos que poderiam ser ocupados por um rádio PX, por exemplo.

Divisórias atrás dos bancos organizam os objetos colocados ali.

Ainda é possível rebater o banco do meio e usar ele como mesa de anotações ou para apoiar comida e garrafas.

Os bancos com espuma firme são característicos dos automóveis da Volkswagen, mas só nos caminhões usam tecido que repele água.

O encosto vertical, o volante enorme, os pedais separados pela coluna de direção e o fato de estar sentado sobre o eixo dianteiro só me lembram um Volks: a Kombi.

Os pedais separados pela coluna de direção lembram a Kombi (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Mas os comandos de acendimento dos faróis, botões do ar-condicionado e o quadro de instrumentos parecem ter saído de um Fox. São peças parecidas, porém mais robustas e duráveis.

A Volkswagen Caminhões diz que usar exatamente os mesmos componentes de automóveis impõe custos extras.

A haste da seta é um dos poucos componentes de fato iguais.

Viro a chave no contato e o motor acorda. Em vez dos 2.0 ou 3.0 TDI da Amarok, quem vibra embaixo de mim é um 2.8 quatro cilindros turbodiesel Cummins ISF.

São 150 cv e 36,7 mkgf comandados pelo câmbio manual de seis marchas da Eaton – que tem até tomada de força para operar uma prancha de reboque, por exemplo.

Não há capô: para ver o conjunto mecânico, levanta-se a cabine inteira soltando duas travas de segurança, uma interna e outra externa.

A alavanca de câmbio fica próxima ao motorista, o que facilita a circulação na cabine (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Minha primeira vez dirigindo um caminhão é no trânsito de São Paulo, carregando um lastro de 1.000 kg. 

Considerando que o implemento de aço (custa R$ 9.000, é fornecido pela Randon e montado nas dependências da Volkswagen) pesa 400 kg, eu rodaria o dia todo com o Express próximo do limite de 3.500 kg. Esta será a situação mais comum para o Express na vida real.

Na prática, a capacidade de carga (1.085 kg) supera por muito pouco os 1.047 kg da Amarok SE. 

O motor está por baixo: basta soltar uma trava interna e uma externa para tombar a cabine e ter acesso a ele (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Logo nas primeiras manobras eu me entendo com a embreagem e com o câmbio de engates longos.

A primeira esquina me ensina a abrir mais as curvas, por conta dos 3,60 m de entre-eixos dessa configuração (há a opção de 3 m) e a aproveitar ao máximo o esterçamento das rodas – por sinal, muito maior que o da Amarok.

Os carros parados obrigam a ficar atento às laterais, afinal, são 2,5 m de largura contando os enormes retrovisores, com dois espelhos cada um.

A visão do que se passa ao redor é ótima, mas a câmera de ré (opcional de R$ 1.700), que exibe as imagens no rádio, foi providencial quando precisei estacionar.

Quadro de instrumentos lembra os dos carros da VW (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Motorista de caminhão tem de ter paciência: ou os outros motoristas não permitem mudar de faixa ou se jogam na frente imaginando que o Delivery será lento, embora sobre força ao 2.8, que equipa até a versão com PBT de 5,8 toneladas.

Na nossa pista de testes, seu 0 a 100 km/h em 20,3 s não surpreendeu (a medição foi feita sem o lastro), porém a retomada de 60 a 100 km/h em 10,7 s foi apenas 1 s mais lenta que a do VW Up! TSI.

Mas o consumo decepciona quem está acostumado com picapes e SUVs diesel: 5,4 km/l na cidade e 7,8 km/l na estrada, bem pior do que um Troller (8,9 km/l e 10,9 km/l).

Todas as versões com implemento tem câmera de ré (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Ao final do primeiro dia, nada de dor nas costas. Os bancos são anatômicos. Mas o pulso direito reclamou: a alavanca de câmbio está bem posicionada, mas os engates duros do Eaton cansam.

No segundo dia, já com a caçamba vazia, a suspensão não se mostra desconfortável.

Mérito do conjunto dianteiro independente duplo A, que substitui o eixo rígido nas versões mais leves e dá bastante controle em curvas.

A direção do Delivery Express é mais firme que a direção da Amarok, que também tem assistência hidráulica.

O volante da picape fica bobo conforme a velocidade aumenta, enquanto o Delivery mantêm peso correto.

Na rodovia, só não é um caminhão ao pagar pedágio. 

A aerodinâmica equivalente à de parede faz o motor se esforçar para manter os 110 km/h e o ruído de vento é quase um manifesto para reduzir a velocidade.

Nem é necessário usar tanto os freios a disco nas quatro rodas, pois o ar cumpre bem sua função.

Nos postos, a desculpa da capacidade de carga não cola: só posso estacionar no espaço destinado aos caminhões e carretas. Ao lado deles sim o Delivery Express parece uma picape.

Na prática, o Express não é uma picape nem um caminhãozinho.

É um caminhão com as mesmas mordomias de um carro no trânsito, mas que não abre mão da área de carga, da manutenção simples e da robustez, atributos valorizados por empresas de transporte e logística.

Faróis e grade seguem a mesma linguagem usada nos carros da VW (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Não à toa, a MAN (que fabrica os caminhões VW) espera que esta nova versão passe a ser 30% das vendas dos Delivery.

O Delivery Express é mais um veículo criado pela legislação. Serve bem para o transporte de  volumes grandes, mas não tão pesados.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

24 ABR
Por quase R$ 10.000, Porsche usado pode ter Apple CarPlay e Android Auto

Por quase R$ 10.000, Porsche usado pode ter Apple CarPlay e Android Auto

Central PCCM é mais simples e tem tela de 3,5 polegadas sensível ao toque (Divulgação/Porsche)A central multimídia é hoje um item quase imprescindível para novos lançamentos do mercado automotivo. Há até uma certa competição entre os fabricantes para lançar a mais moderna delas.A Porsche Classic, divisão da própria marca alemã especializada em restauração e fornecimento de peças para os carros clássicos, decidiu então levar o equipamento aos modelos mais tradicionais da... Leia mais
24 ABR
QUATRO RODAS de maio: Tracker enfrenta SUVs líderes de mercado

QUATRO RODAS de maio: Tracker enfrenta SUVs líderes de mercado

– (Fernando Pires/Quatro Rodas)A edição de maio da revista QUATRO RODAS acabou de sair do forno e está pronta para seguir para as casas, bancas e internet.O Chevrolet Tracker é um dos principais lançamentos do mercado nacional neste ano, porém, se engana quem acredita que ele terá vida fácil.O mais novo SUV chegou prometendo muito e enfrentou os principais rivais do segmento para mostrar se realmente pode almejar o pódio de vendas da categoria.Será que é páreo para os líderes... Leia mais
24 ABR
Conheça a nova Toyota Hilux que deverá chegar ainda neste ano ao Brasil

Conheça a nova Toyota Hilux que deverá chegar ainda neste ano ao Brasil

Versão topo de linha terá iluminação full-led (Milele Motors/Reprodução)A nova Toyota Hilux deverá chegar ao mercado brasileiro no fim deste ano, já como linha 2021. Só que o site Milele Motors adiantou flagras de como será a reestilização da picape média – que também deverá receber motorização mais potente que o modelo atual.Sem alterações nas partes de aço por conta dos custos mais elevados para mudar estamparia, restou ao modelo substituir peças como para-choque,... Leia mais
24 ABR
Aceleramos o novo Chevrolet Corvette, mais rápido e europeu que nunca

Aceleramos o novo Chevrolet Corvette, mais rápido e europeu que nunca

C8 acelera de 0 a 97 km/h (60 mph) em 2,8 segundos (Divulgação/Quatro Rodas)Mais de seis décadas (64 anos, precisamente) após a criação do Corvette original, eis finalmente o primeiro modelo com motor central, sonhado por seu criador, Zora Arkus-Duntov, que levou a cabo várias experiências com protótipos sem que nenhuma viesse a ser produzida. Além do motor central, porém, o Chevrolet chega à oitava geração totalmente renovado.Visualmente notamos que, para passar o motor para as... Leia mais
24 ABR
Longa Duração: Mitsubishi Outlander tem desgaste alto dos freios traseiros

Longa Duração: Mitsubishi Outlander tem desgaste alto dos freios traseiros

Outlander foi até Tiradentes (MG) (Henrique Rodriguez/Quatro Rodas)Fato cada vez mais raro, o agendamento da revisão de 30.000 km do Outlander não exigiu muito esforço. “Ao menos na paulistana Brabus, a atendente abriu várias opções de datas e horários”, comentou o piloto de teste Leonardo Barboza, que cuidou da terceira parada do Mitsubishi.Além da revisão de 30.000 km, pedimos algumas verificações pontuais. “A alça de segurança interna traseira direita estava praticamente... Leia mais
24 ABR
DPVAT volta a ser cobrado, mas ainda há quem tenha direito a reembolso

DPVAT volta a ser cobrado, mas ainda há quem tenha direito a reembolso

DPVAT segue obrigatório e não parou de funcionar em nenhum momento (Agência Brasil/Reprodução)Proposta pelo governo Bolsonaro, a Medida Provisória 904/2019, que previa a extinção do Seguro DPVAT, perdeu validade na última segunda-feira (20) sem ter sido votada no Congresso Nacional.Procurado, o Ministério da Infraestrutura – que é responsável pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) – afirmou que, dessa forma, desde o dia 20 de abril, o DPVAT voltou a ser cobrado... Leia mais