Com a crise, setor cresceu cerca de 20% (Andrea Ebert/Quatro Rodas)
Leilão de carros é um bom negócio. Tanto que na crise esse setor registra crescimento médio de 20% ao ano por vários fatores.
O aumento da inadimplência trouxe mais ofertas de veículos para os pregões, e a participação de pessoas físicas passou de 10% para mais de 25%, interessadas em veículos com generosos descontos, mas também como meio de revender e ter renda extra.
“Toda vez que tem crise no país é quando o leiloeiro trabalha mais. Começa a voltar mais carro em financiamento, as empresas enxugam suas frotas e as pessoas recorrem ao usado. Aumenta a oferta e a procura”, explica Moacir De Santi, leiloeiro oficial da Sodré Santoro.
Só que o leilão pode se tornar péssima escolha se o pretendente for afoito e não pesquisar nem fizer muitos cálculos antes de dar seu lance.
Acredite: não são raros os casos de pessoas que acabam pagando mais que a tabela Fipe.
“Leilão não é um jogo, é um negócio. É preciso pesquisar bastante, fazer contas e não se envolver emocionalmente na disputa”, ressalta Eduardo Jordão Boyadjian, presidente do Sindicato dos Leiloeiros de São Paulo e da Jordão Leilões.
É preciso pesquisar bastante, fazer contas e não se envolver emocionalmente antes de dar o lance inicial (Acervo/Quatro Rodas)
Nesse mercado movimentado, muitos bancos, como o Santander e o Bradesco, passaram a investir em ampla divulgação dos leilões de veículos nas redes sociais.
E já tem até aplicativo para o celular, em que qualquer pessoa física pode leiloar o seu carro particular.
QUATRO RODAS ouviu especialistas e separou as dicas mais importantes para quem quer comprar seminovos com até 40% de desconto em relação aos preços praticados no mercado.
Todo leilão tem um edital com regulamentos e informações que deve ser lido com atenção.
É nesse documento que estará descrita a situação legal do carro, se ele tem algum defeito, se o IPVA está pago, valor do lance mínimo e os custos com os quais o comprador deve arcar.
“Qualquer empresa que vende seus bens conduz todos os descritivos ao leiloeiro, que por sua vez vai transmiti-los ao público por meio de sites ou catálogos. O interessado consegue saber de tudo. Não tem nenhum tipo de surpresa”, conta Moacir De Santi.
A dica é como se você fosse comprar um usado: cheque pintura, sinais de ferrugem e estado dos pneus (Filipe Campoi/Quatro Rodas)
Os carros ficam expostos geralmente dois dias antes do pregão.
Aqui, a dica é como se você fosse comprar qualquer usado: preste atenção na pintura, sinais de ferrugens, estado dos pneus, se está torto e se faz ruídos estranhos quando você sacode a parte traseira.
Se puder, leve seu mecânico ou contrate um profissional especializado, que cobra de R$ 80 a R$ 150, e vai inspecionar visualmente o carro no pátio e dar seu veredicto.
“Tem que ter alguma noção. Se você não sabe nada de carro, não entre nisso. O veículo vai estar um pouco malhado e há reparos inevitáveis”, lembra o advogado especialista em leilões Leandro Mauro Munhoz, diretor-sócio da LMC Consultoria de Leilões.
É praxe não poder entrar no carro nem virar a chave. Contudo, no edital deve constar quando o carro não dá partida.
Mas, na maioria dos processos, empresas e leiloeiros dizem ter verificado motor, transmissão e diferencial antes de disponibilizar o carro no pregão.
“Sempre testamos o automóvel para mostrar em que nível ele está. Não ter nenhum tipo de problema com o cliente é valorizar os ativos”, garante André Novaes, diretor da financeira Santander.
No extrajudicial, quem arrematou consegue retirar o carro rapidamente. Já nos judiciais, trata-se de um bem que a justiça obrigou a ser leiloado (OLX/Divulgação)
No extrajudicial, quem arrematou consegue retirar o carro rapidamente, no máximo dois dias. São os leilões de veículos de recuperação de financiamento de bancos e financeiras, de seguradoras ou frotistas.
Nos judiciais, trata-se de um bem que a Justiça obrigou a ser leiloado e, portanto, sua retirada depende do tribunal.
“O juiz precisa homologar e, em função disso, a retirada não é tão imediata”, compara De Santi.
Neste caso, ainda pode haver custos com honorários advocatícios e despachantes.
Selecione um ou mais automóveis e compare o lance mínimo com o valor dele não só na tabela Fipe, mas também em anúncios. Como negócio, só vale a pena arrematá-lo se estiver com, no mínimo, 30% de desconto.
Em 99% dos leilões extrajudiciais o carro já sai regularizado e sem dívidas, pois as empresas assumem o bem em seu nome após a recuperação ou o sinistro.
Em alguns casos, há multas, mas a responsabilidade de quem arcar deve constar no edital.
O edital sugere a reserva de 7% a 10% do valor para possíveis reparos (Mauricio Pierro/Quatro Rodas)
Levante o custo dos reparos que o edital sugere e reserve de 7% a 10% do valor do bem para isso.
Além disso, em geral o comprador paga os 5% de comissão do leiloeiro, a taxa administrativa (R$ 500 a R$ 800), diárias do veículo no pátio (R$ 50, em média), documentação e, às vezes, IPVA.
Se o carro não estiver ligando, há ainda o reboque. Reúna tudo isso e faça tabelas para você não se perder no meio do leilão e saber quando parar. E lembre-se: é preciso pagar o bem à vista.
Não se deixe empolgar pela disputa dos lances. Não são raros os casos de quem pagou o preço Fipe. “Leilão é rápido e empolgante. Na hora não dá para fazer conta. Leve uma tabela com seu valor-limite”, diz Munhoz.
Se você é novato nesse meio, acompanhe um leilão presencial e outros online apenas como espectador antes de participar ativamente.
“Compare os preços que saíram com os do mercado para ver se cada negócio compensou ou não”, ensina Boyadjian.
Aplicativos como o Vipdireto permitem que pessoas físicas vendam seu automóvel particular em leilão digital. Nessa modalidade, o leiloeiro faz a intermediação, pega a melhor oferta e mostra ao proprietário.