Novidades

10 OUT
Impressões: Ferrari 812 Superfast, vida longa ao motor V12

Impressões: Ferrari 812 Superfast, vida longa ao motor V12

Velocidade máxima da 812 é de 340 km/h (Divulgação/Ferrari)

Desenvolver um modelo V12 nos dias de hoje parece tarefa inglória até para um tradicional fabricante de superesportivos.

Além da pressão das leis e da opinião pública por mais eficiência e menos emissões, existe a necessidade comercial de superar o que já foi oferecido em termos de desempenho.

Ou seja: dois obstáculos difíceis de ultrapassar e conflitantes entre si. Porém, com a nova 812 Superfast, a Ferrari chegou lá.

A Superfast tem motor central dianteiro e tração traseira (Divulgação/Ferrari)

Na comparação com a antecessora, a F12 Berlinetta, de 2012, a 812 Superfast lançada agora é mais limpa e mais potente. Segundo a fábrica, ela emite 20 gramas de CO2/km a menos, no ciclo misto europeu, e gera 60 cv a mais de potência máxima.

Mais precisamente, são 340 g CO2/km contra 360 g CO2/km e 800 cv de potência face 740 cv. Na pista, o consumo não melhorou. No ciclo misto europeu, a fábrica divulga os mesmos 6,7 km/l para as duas Ferrari.

Ferrari 812 Superfast no autódromo de Fiorano (Divulgação/Ferrari)

Mas, nas provas de aceleração, a 812 foi mais rápida. Os tempos baixaram de 3,1 para 2,9 segundos, nas medições de 0 a 100 km/h, e de 8,5 para 7,9 segundos, de 0 a 200 km/h. A velocidade máxima se manteve em 340 km/h.

A 812 Superfast desembarca no Brasil em março de 2018, segundo previsão da fábrica. Seu preço por aqui ainda não foi definido, mas a estimativa é de que ela saia por volta dos R$ 4 milhões (a F12 custa R$ 3,6 milhões). Para conhecer a novidade antecipadamente, participamos de sua avant-première, na Itália.

Aberturas e recortes na carroceria melhoram a aerodinâmica (Divulgação/Ferrari)

O test-drive foi feito em duas etapas. Na primeira, dirigimos em um percurso de 130 km pelas ruas e estradas próximas a Maranello, onde fica a sede da Ferrari. Na segunda, demos quatro voltas no circuito da fábrica, a famosa pista de Fiorano, onde a Ferrari desenvolve não só os superesportivos como os carros da Fórmula 1.

ASSISTA A UM TRECHO DE NOSSO TEST DRIVE NA PISTA

O motor da Superfast é o mesmo V12 usado pela F12. Mas 75% das peças são novas, segundo a fábrica. Seu deslocamento saltou de 6.292 para 6.496 cm³, a partir do aumento do curso dos pistões de 75,2 para 78 mm. Além disso, as câmaras de combustão foram redesenhadas, o coletor de admissão variável foi substituído e o sistema de injeção teve a pressão aumentada em 75%, de 200 bar para 350 bar.

Seu motor 6.5 é derivado do V12 6.3 que equipou a F12 e que também serviu de base para o motor da LaFerrari (Divulgação/Ferrari)

Essas medidas melhoraram o fluxo da mistura, a combustão e o resultado foi o aumento da eficiência – a fábrica descartou a possibilidade de adotar alimentação forçada (turbo ou supercharger), porque, segundo a engenharia, isso alteraria o funcionamento típico dos V12 da marca.

Assim que apertei o botão de partida, o motor soltou um ronco em alto e bom som, com o timbre característico das Ferrari, que me fez arrepiar.

Como os primeiros quilômetros atravessavam o centro de Maranello, tentei me controlar, no entanto. Decidi aproveitar o trânsito para fazer o reconhecimento da cabine.

Conta-giros e duas telas auxiliares concentram todas as informações do carro para o motorista (Divulgação/Ferrari)

O painel da 812 tem formato horizontal, mas seu relevo irregular revestido de couro envolve todos os componentes, com destaque para as saídas de ar redondas, que remetem à LaFerrari, de 2013.

O volante concentra todos os principais comandos do carro (Divulgação/Ferrari)

A ergonomia é perfeita. O volante reúne partida, câmbio, faróis, piscas, limpador de para-brisas, ajuste de suspensão (atalho), telefone, comando de voz e o seletor de modo de direção (manettino). E o painel de instrumentos, com o conta-giros entre duas telas (TFT) de 5 polegadas, concentra todas as informações.

Do lado do passageiro, há outra tela, de 8,8 polegadas, pela qual o carona pode ver velocímetro, conta-giros, modo de condução selecionado pelo motorista e os dispositivos da central multimídia.

Com um visor adicional, o passageiro pode assumir o papel de copiloto (Divulgação/Ferrari)

Depois que Maranello ficou para trás, pude pisar mais fundo e descobrir outras virtudes do carro. O novo câmbio automatizado, por exemplo, faz mudanças muito rápidas e silenciosas. Segundo a Ferrari, o tempo das trocas baixou 30%, na comparação com a caixa da F12.

Com sete marchas bem escalonadas, o sistema permite sentir a força abundante do V12 que entrega 80% do torque máximo antes das 3.500 rpm. De acordo com a fábrica, as relações das marchas foram encurtadas em cerca de 6%, para proporcionar respostas mais rápidas.

Bancos concha têm ajustes elétricos (Divulgação/Ferrari)

O sistema de direção, que pela primeira vez tem assistência elétrica (para aliviar o esforço do motor), revelou-se bastante comunicativo, permitindo ao motorista interagir com o carro e com a via. E a suspensão demonstrou que é capaz de segurar o esportivo nas curvas, sem comprometer o conforto diante de irregularidades do piso.

Foi bom dirigir a 812 pelas montanhas de Maranello, com muitas curvas e belas paisagens. Mas o melhor da experiência ao volante ainda estava por vir.

O eixo traseiro direcional ajuda a contornar as curvas mais rapidamente (Divulgação/Ferrari)

Foi somente no autódromo de Fiorano que a 812 disse a que veio. Na pista, senti de fato os 800 cv empurrando o carro, o câmbio trabalhando, reduzindo duas e três marchas nas frenagens para eu conseguir sair mais rapidamente das curvas, e o volante foi ficando pesado, graças a um recurso de controle de torque que proporciona a firmeza necessária.

A suspensão também ficou mais dura, com movimentos mais contidos, mas credito esse comportamento principalmente à troca de ajustes do manettino, o seletor de modos de condução que ajusta as respostas do motor, do câmbio, da direção e da suspensão.

Discos de cerâmica são itens de série (Divulgação/Ferrari)

São cinco níveis de regulagem, do mais bem comportado, Wet, recomendado para pistas molhadas, ao mais esportivo, ESC OFF, em que todos os controles eletrônicos de chassi são desligados. No meio, há os modos Sport, Racing e CT OFF (desabilita o controle de tração).

O seletor de modos de pilotagem fica no volante da Superfast (Divulgação/Ferrari)

O recurso mais interessante, que só se revelou na pista, foi o eixo traseiro direcional, que ajuda a contornar as curvas com mais rapidez e precisão, como se o carro tivesse um entre-eixos menor. É o que os italianos chamam de Passo Corto Virtuale.

Na primeira vez que se sente o eixo traseiro contornando a curva, a impressão é de que algo está errado. É como se o carro tivesse vontade própria.

Para um cupê de três portas, a 812 até que tem um bom porta-malas: 320 litros (Divulgação/Ferrari)

Depois que se acostuma, a possibilidade de fazer a curva mais rapidamente e sob controle é muito boa. As rodas traseiras esterçam apenas dois graus, segundo a fábrica, mas isso faz toda a diferença.

A distância total percorrida no autódromo foi de quase 12 km – 11.988 metros precisamente, considerando que a extensão da pista de Fiorano é de 2.997 metros.

Difusor ativo se ajusta ao fluxo de ar para melhorar a aderência (Divulgação/Ferrari)

Ou seja: foi menos que 10% do roteiro de ruas e estradas. Mas, para mim, só essa segunda parte do test-drive já bastou para justificar a criação desse belo V12.

Tradição

Batizar uma Ferrari como Superfast pode parecer redundância. Afinal, desde sempre todas as Ferrari são super-rápidas. Mas esse nome pertence à história da marca, que no passado, mais precisamente em 1964, chamou de Superfast um modelo de rua.

Assim como a 812 atual, a 500 Superfast também era uma V12 (395 cv) e foi apresentada no mesmo Salão de Genebra. Desenhada pelo estúdio Pininfarina, ela teve 36 unidades produzidas, sempre com carroceria fechada (cupê), até 1966.

Ficha técnica

  • Preço: R$ 4 milhões (estimado)
  • Motor: central dianteiro, V12, 6.496 cm³, 48V, 94 x 78 mm, 13,6:1, 800 cv a 8.500 rpm, 73,2 mkgf a 7.000 rpm
  • Câmbio:  automatizado, dupla embreagem, 7 marchas, tração traseira
  • Suspensão:  duplo A, nos dois eixos
  • Freios:  discos cerâmicos, ventilados e perfurados
  • Direção:  elétrica 
  • Rodas e pneus:  245/35 R20 (dianteiro), 315/35 R20 (traseiro)
  • Dimensões:  comprimento, 465,7 cm; largura, 197,1 cm; altura, 127,6 cm; entre-eixos, 272 cm; peso, 1.630 kg, porta-malas, 320 litros
  • Desempenho: 0 a 100 km/h em 2,9 segundos; velocidade máxima de 340 km/h

Veredicto

A 812 é um superesportivo que tem tudo para agradar aos entusiastas sem irritar os ambientalistas.

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

22 MAR

Porsche Cayenne ganha versão com carroceria ‘cupê’

Um carro pode ser SUV e cupê ao mesmo tempo? Para a Porsche (e várias outras marcas), isso é possível. Os alemães revelaram nesta quinta-feira (21) o Cayenne Coupé, uma variante da terceira geração do utilitário esportivo. A diferença para o SUV “convencional” está na queda do teto, mais suave na versão Coupé. Segundo a Porsche, os traços fazem deste o Cayenne mais esportivo da linha. Além do teto, a fabricante fez pequenas modificações na coluna A e no... Leia mais
22 MAR

McLaren 600LT: aceleramos supercarro que só 4 brasileiros poderão comprar

Pacote com teto de fibra de carbono é opcional (Christian Castanho/Quatro Rodas)Era uma manhã nublada de sexta-feira, mais convidativa a se ficar na cama do que qualquer outra coisa. Mas o alarme do celular gritava e era necessário acordar, porque a missão do dia seria muito, muito especial: ser o primeiro jornalista a acelerar em solo brasileiro o McLaren 600LT. Estamos falando de uma derivação (ainda mais) envenenada do 570S e com produção limitada, que terá apenas quatro unidades... Leia mais
22 MAR

Clássicos: Cord 810, o carro que dava uma pitada de século 21 aos anos 30

O Cord foi o primeiro carro dos EUA com tração dianteira (Christian Castanho/Quatro Rodas)As portas do Salão de Nova York de 1935 foram abertas com 15 minutos de antecedência, medida necessária para dispersar a multidão que se aglomerou para ver automóveis como Duesenberg Modelo J, Auburn 851 Speedster e Cord 810.Os três eram criações do projetista Gordon Buehrig, mas foi o Cord 810 que se tornou um ícone automotivo dos anos 1930 em função da engenharia de vanguarda, do estilo... Leia mais
22 MAR

Longa Duração: Toyota Prius é baixo demais, e quem sofre é o assoalho

Prius: fragilidade excessiva dos defletores de ar inferiores (Christian Castanho/Quatro Rodas)Assim que estreou em nossa frota, em fevereiro de 2018, notamos que a dianteira do Toyota Prius era muito baixa. Desde então, valetas, lombadas e rampas de garagem viraram sinônimos de atenção redobrada. Mesmo assim, o passar do tempo (e dos obstáculos) imprimiu algumas marcas em nosso híbrido.Desenvolvido para proporcionar baixo consumo, o Prius é um projeto com especial cuidado na... Leia mais
22 MAR

Lexus UX custará entre R$ 169.990 e R$ 209.990, diz concessionária

A Lexus ainda se prepara para lançar seu menor SUV, o UX. A programação é ter o modelo nas lojas no mês que vem. Mas a rede de concessionárias se apressou, e já anuncia uma pré-venda nas redes sociais, inclusive com preços. Procurada, a concessionária de São Paulo confirmou a informação ao G1, e deu maiores detalhes. O UX será oferecido em três versões. Confira os preços abaixo: Dynamic - R$ 169.990Luxury - R$ 189.990F-Sport - R$ 209.990 O modelo foi... Leia mais
21 MAR

Eis o novo Chevrolet Onix, ou seria Prisma? Veja detalhes e painel do sedã

Nova geração do Prisma será rebatizada como Onix Sedan (AutoHome.cn/Internet)O novo Chevrolet Onix – quer dizer, Prisma – foi revelado oficialmente na China.O modelo já tinha sido mostrado em imagens vazadas de patente em outubro do ano passado, mas só agora apareceu oficialmente em uma versão esportiva. Também vem circulando por aí um flagra do interior.Antes de mais nada, vamos desfazer a confusão dos nomes: o gigante asiático vai aproveitar a alcunha do nosso hatch para... Leia mais