O novo 208 com câmbio de seis marchas não passou por nenhuma mudança no design exterior (Divulgação/Divulgação) Ter um câmbio automático de quatro marchas no catálogo não é necessariamente ruim – o Toyota Etios está aí para provar isso. Mas, no caso da famigerada caixa AL4 da PSA Group, as críticas estão longe de serem exageradas. Tanto que a chegada do novo câmbio de seis marchas na linha de compactos da Peugeot e Citroën foi celebrada por boa parte dos entusiastas da marca. Mas será que essa atualização gera tanta comoção? Bem, só testando o novo 208 1.6 automático para descobrir. De antemão, podemos antecipar: sim, o novo câmbio fez o hatch mudar quase que da água para o vinho. Mas vamos contextualizar o cenário para embasarmos uma declaração tão forte. Primeiro, olhemos pra concorrência: excetuando-se pelo já citado Etios, todos os rivais diretos do 208 com câmbio automático possuem seis marchas. Chevrolet Onix e o novo Volkswagen Polo já nasceram com essa caixa, enquanto a Hyundai atualizou a transmissão do HB20 junto com a reestilização do hatch. Só o March destoa, já que usa um câmbio continuamente variável (CVT). Sensor de ré é de série nas versões com motor 1.6. Câmera e sensores frontais, no entanto, são exclusivos das versões Griffe e GT (Divulgação/Divulgação) Neste cenário fica o 208, cujas versões automáticas sempre foram vinculadas ao motor 1.6 16 EC6. O propulsor já nasceu sem tanquinho de gasolina para partida a frio e pode gerar bons 115 cv (a 5.750 rpm) e 16,1 kgfm (a 4.750 rpm). Números condizentes com o mercado, mas que era mal aproveitado pelo problemático câmbio de quatro marchas – mesmo com o 208 anterior sendo mais potente, já que regras menos exigentes de emissões permitiam ao conjunto chegar a 118 cv com o conjunto antigo. Além da última marcha excessivamente curta (que resulta em consumo rodoviário elevado), essa caixa é a principal protagonista de piadas envolvendo a (falta de) confiabilidade mecânica de modelos com origem francesa. Não é exagero: pesquise no Google por “Peugeot câmbio automático quatro marchas”. O primeiro resultado, ainda que patrocinado, será de uma oficina mecânica. Principal mudança no interior está no novo sistema multimídia com Android Auto e Apple Carplay (Divulgação/Peugeot) Mas vamos falar de coisa boa. O novo câmbio de seis marchas, produzido pela Aisin (a mesma empresa que faz caixas para modelos que vão do Etios, passando pelo Renegade e chegando até ao BMW X1), já era usado nos modelos médios da PSA, como o Peugeot 308 e Citroën C4 Picasso. O que impedia sua adoção nos modelos menores era o espaço diminuto no cofre, que exigiria até a readequação da estrutura onde é fixada a suspensão dianteira, segundo a Peugeot afirmou durante o lançamento do 2008 – outro que não tinha opção de câmbio automático de seis marchas. Sem interesse (e/ou verba) para modificar o projeto, a PSA aguardou a chegada de uma nova versão da caixa, menor e compatível como espaço sob o capô. Na linha 208 o câmbio automático estreou junto com a linha 2018 da gama. Além da nova caixa, o pacote de mudanças inclui um novo sistema multimídia com tela capacitiva de 7? e espelhamento para celulares Android e iOS de série em todas as versões. As versões automáticas, no entanto, estão restritas ao 208 Allure (R$ 65.990) e Griffe (R$ 70.490), sempre com motor 1.6. QUATRO RODAS avaliou a versão Griffe, topo de linha com opção automática. Ela inclui a longa lista de itens de série da versão Allure (airbags laterais, sensor de ré, rodas de liga leve, direção eletroassistida, ar-condicionado digital de duas zonas, trio elétrico, alarme, teto-solar panorâmico fixo, controlador e limitador de velocidade, Isofix e luzes de posição em LED) e adiciona sensor de estacionamento frontal, câmera de ré, sensor de luz e crepuscular, pneus 195/55 R16 e airbags de cortina. Novo câmbio de seis marchas pode ser identificado pela manopla com desenho exclusivo (Divulgação/Peugeot) A ficha técnica pouco muda em relação ao antigo câmbio de quatro marchas. Por ser mais moderna e compacta, o 208 Griffe AT6 é só 2 kg mais pesado que seu antecessor, batendo nos 1.183 kg. Isso fez com que ele acelerasse de 0 a 100 km/h em 12,5 s e cumprisse a retomada de 60 a 100 km/h em 6,9 s. Mas o número que mais empolga é o de consumo: 11,3 km/l na cidade e 14,7 km/l na estrada. Além de gastar menos, o 208 ficou mais esperto. Mesmo com o modo Sport desligado, ele responde rápido ao acelerador, e avança as marchas rapidamente tão logo o(a) motorista alivie o pé direito. A forma com a nova caixa se adapta rapidamente ao estilo de condução é tão bom que o modo Eco nem parece ser tão necessário. O trem de força renovado caiu como uma luva no conjunto do 208, que foi feito muito mais de olho na dirigibilidade do que seu irmão C3. Ainda que ao custo de uma suspensão levemente dura, o hatch responde prontamente aos movimentos de seu volante de pequeno diâmetro, e empolga a ponto de ser necessário reforçar a crítica da ausência de controle de estabilidade. Essencial para uma condução segura, especialmente em pisos escorregadios, o equipamento só está disponível no modelo topo de linha 208 GT – que, por enquanto, continua apenas com câmbio manual. Não dá para ganhar todas. Mas só de, finalmente, deixar um dos poucos vestígios de seu passado ruim para trás, a Peugeot pode sonhar em ganhar mais uma fatia do segmento de compactos com seu novo 208. O novo câmbio automático deu novo vigor ao 208 1.6. A perda de potência por conta das novas regras de emissões e consumo mal passou desapercebida, e o conjunto aproveita melhor a boa dinâmica do hatch. O pacote de equipamentos é bom para essa faixa de preço, mas o ESC poderia ser disponibilizado ao menos na versão Griffe. Aceleração de 0 a 100 km/h: 12,5 s
Fonte:
Quatro Rodas
Veredicto
Teste (com gasolina)
Aceleração de 0 a 1.000 m: 34,1 s – 154,5 km/h
Retomada de 40 a 80 km/h: 5,6 s (em D)
Retomada de 60 a 100 km/h: 7,0 s (em D)
Retomada de 80 a 120 km/h: 9,1 s (em D)
Frenagens de 60/80/120 km/h a 0: 18,2/30,2/72,2 m
Consumo urbano: 11,3 km/l
Consumo rodoviário: 14,7 km/lFicha técnica – Peugeot 208 1.6 Griffe Automático
Impressões: Peugeot 208 recebe câmbio automático de seis marchas
Mais Novidades
26 FEV
Autodefesa: puxador de portas dos BMW Série 3, X3 e X5 está virando farelo
Robson: “Puxadores da porta estão se desintegrando” (Marcus Desimoni/Quatro Rodas)Quando se pensa em automóveis premium, um dos atributos que logo vêm à mente é o alto nível de acabamento.Então, nem é preciso dizer o tamanho da decepção de alguns donos de BMW que estão relatando que o revestimento da maçaneta interna das portas está se desfazendo.“O acabamento usado nos puxadores das portas dos meus carros faz a sujeira grudar facilmente. E agora a peça está amolecendo e...
Leia mais
25 FEV
Mais economia, menos conforto: vale a pena trocar o carro por uma moto?
Quem já não pensou em trocar às vezes o volante pelo guidão? (Christian Castanho/Quatro Rodas)O jornalista e publicitário Marcelo Senna perdia um bom tempo no trânsito todos os dias com seu carro. Conselho de um colega de trabalho: a moto resolveria seu problema. Senna, que dirigia só automóveis há 26 anos, entrou na moto-escola, acrescentou a categoria A em sua habilitação e hoje circula pelo Rio de Janeiro em um scooter, que só fica na garagem nos dias de chuva.“Hoje saio de...
Leia mais
25 FEV
Por que este airbag lateral deflagra para o lado de fora do carro?
As bolsas são posicionadas em um compartimento próximo do assoalho (ZF/Divulgação)O airbag é uma ferramenta essencial para a segurança dos ocupantes de um carro — desde que ele não projete partículas metálicas ao ser acionado.Mesmo assim, a mais nova aplicação para o equipamento proposta pela ZF ainda surpreende. É um airbag lateral, mas que fica do lado de fora do carro.O objetivo do equipamento é amenizar o impacto de colisões laterais (ZF/Divulgação)A ideia da gigante...
Leia mais
25 FEV
Peugeot 208 ganha nova geração com inédita versão 100% elétrica
A Peugeot revelou o novo 208, que seguiu a tendência dos rivais (como o novo Renault Clio) de se aproximar visual e tecnologicamente dos modelos mais caros de suas respectivas marcas. Como bônus, a nova geração do compacto francês traz ainda sua inédita versão elétrica. O e-208 marca a entrada da fabricante para o segmento dos elétricos mais acessíveis. Ele é equipado com um motor 100% elétrico de 136 cavalos de potência e 26,5 kgfm de torque disponíveis de forma...
Leia mais
25 FEV
Caoa Chery QQ tem 6.638 unidades em recall por motor que desliga sozinho
Falha no módulo de controle do motor ocasiona o desligamento involuntário do veículo (Christian Castanho/Quatro Rodas)A Caoa Chery anunciou nesta segunda (25) um recall para 6.638 unidades do New QQ Flex. São carros fabricados entre 3 de março de 2017 a 31 de novembro de 2018 e que precisam passar por reparo no módulo de controle do motor.De acordo com a montadora, devido à temperatura ambiente elevada, o acionamento parcial do pedal da embreagem durante a troca de marcha ou mesmo...
Leia mais
25 FEV
Longa duração: as histórias de Creta, Compass, Kwid, Virtus e mais em 2018
Três estreias e três desmontes movimentaram o ano de nossa frota. Entre erros e acertos da rede de concessionárias e gratas surpresas e tristes decepções dos carros, é hora de relembrar o que de melhor (e de pior) rolou em 2018:Chevrolet Cruze LTZ 1.4 TurboElogiado pelo rico pacote tecnológico e o bom conjunto mecânico, o sedã também foi bem no desmonte (Xico Buny/Quatro Rodas)Logo na primeira edição do ano, em janeiro, o Cruze se despedia do Longa Duração. Sempre elogiado pelo...
Leia mais