Novidades

07 OUT
Jeremy Clarkson: Bugatti Chiron, o impossível ocorreu de novo

Jeremy Clarkson: Bugatti Chiron, o impossível ocorreu de novo

Os 1.500 cv e 420 km/h do Chiron são uma afronta às leis da física (Divulgação/Bugatti)

Vários anos atrás fiz uma análise do Bugatti Veyron que foi um tanto efusiva. Falei sobre a tremenda complexidade em fazer um carro estável e equilibrado andando a mais de 390 km/h e o quanto pilotar um veículo em tal velocidade pode ser perigoso e incômodo.

Um vento de 390 km/h poderia derrubar todos os prédios de Nova York. E, no entanto, o Veyron tinha de ser capaz de lidar com ventos de tais velocidades sendo pilotado por alguém cujas únicas qualificações fossem a capacidade de entrar em uma vaga de ré e reconhecer uma placa de preferencial.

Eu fiquei maravilhado com a engenharia do carro – por exemplo, ele tinha dez radiadores para lidar com o calor gerado – e avaliei que, por causa da guerra inexorável contra a velocidade e os motores de combustão interna, nunca veríamos outro carro parecido.

Simplesmente não haveria ambiente para se produzir um substituto. Seria difícil demais, não apenas do ponto de vista político mas também de engenharia.

E acabou sendo duplamente difícil, já que a empresa-mãe da Bugatti, a Volkswagen, está gastando cada centavo para lidar com o Dieselgate.

Bugatti Chiron

Hipercarro é o sucessor do Veyron (Divulgação/Bugatti)

Mas, contrariando todas as expectativas, a Bugatti criou um sucessor. Custa 2,5 milhões de libras esterlinas (R$ 10,3 milhões), chama-se Chiron e consegue ser ainda mais rápido que o Veyron.

Sua máxima é de 420 km/h, oque significa que ele cobre mais de 114 metros por segundo. Sabe aquele helicóptero de ataque Apache? O Chiron é mais veloz.

Parte do seu ritmo quase inacreditável deve-se ao motor de 8 litros, 16 cilindros em W e quatro turbos. O resultado são inacreditáveis 1.500 cv. Sim, 1.500 cv.

Mas igualmente importante é a carroceria e a forma que ela baixa e muda seu ângulo de ataque à medida que você anda mais rápido. Algo que não se chega a notar ao volante. Porque você está ocupado demais prestando atenção na estrada e pensando, de olhos arregalados: “Isto é absurdo”.

Recentemente eu dirigi o Chiron, não só num autódromo, mas por todo o trajeto de Saint-Tropez até a fronteira com a Suíça, e depois até Turim. Eu consegui conhecê-lo bem, e a agitação ainda não passou. Sua velocidade está além de qualquer coisa que você possa imaginar.

O motor é o mesmo W16 de 8 litros do Veyron. Mas os quatro turbos são maiores e há dois injetores

“Não é um supercarro comum. Parece importante e estadista. e de traseira parece feio” (Dominique Fraser/Quatro Rodas)

Em um ponto da rodovia francesa encontrei um daqueles ralis de luxo em que jovens senhores levam seus Audi R8, Aston Martin DB11 e óculos de sol envolventes Oakley em um tour por castelos e pistas de corrida ao sol. 

tempo todo eles emparelhavam comigo e ficavam acelerando, na esperança que eu cravasse o pé. Bom, depois de um tempo, foi o que fiz. Mesmo eles estando 1 km à frente, que foi aonde cheguei depois de alguns míseros segundos.

Não há nada feito por um fabricante de carros de produção que possa fazer cosquinhas em um Chiron. Um McLaren P1 não chega nem perto. É como me comparar, como guitarrista, a Jimi Hendrix.

E não é só a velocidade em reta que o deixa sem fôlego e assustado. É ritmo nas saídas de curva. Você enterra o pé no carpete em primeira marcha saindo de um cotovelo e cada um dos cavalos-vapor que você acionou é convertido sem espalhafato, sem destracionar, diretamente em movimento para a frente.

É aceleração, força g tão vívida, que você pode sentir seu rosto se soltando dos ossos. É velocidade que dói.

Mas ele não é difícil de guiar. Bem, meu colega de TV Richard Hammond conseguiria jogá-lo morro abaixo, mas para o resto de nós ele é canja. Não há recursos teatrais. 

O escapamento não faz estouros e estampidos. O motor não grita. Não há truque sonoro algum. E, dentro da cabine, tudo em que você toca é de couro ou metal. Exceto o emblema. Que é de prata.

Bugatti Chiron

Interior mescla visual minimalista e acabamentos de alta qualidade (Divulgação/Bugatti)

Se a Rolls-Royce decidisse fazer um supercarro de motor central, acho que sairia algo parecido com o Chiron. Ele nunca é áspero ou desafinado. Não fica pulando nem em vias de paralelepípedos. Mas tem um porta-malas em que cabe, bem, uma laranja grande.

O lado ruim desse conforto e luxo é que ele não se comporta realmente como um supercarro de motor central. Ele não “flui”. Não há delicadeza. Ele simplesmente dispara na saída de curva e então você já está freando para a próxima.

Principalmente porque em um carro tão potente não há coisas como retas. Ele as devora antes de você ter a chance de perceber. O que significa que não há onde colocar seus pensamentos em ordem. Não há paz. É tudo ação.

Então, este não é um carro para pilotos “raiz”. Ele passa a sensação de pesado, porque é. Ele parece vulcânico. Você pode ver um McLaren P1 como um beija-flor, maravilhando-se com sua capacidade de disparar de lá para cá em um instante. Já no Chiron, parece que você está passando pela garganta do Vesúvio, impulsionado por lava, convecção e pressão.

Ele nem se parece com um supercarro de motor central tradicional. Parece importante e estadista. E de alguns ângulos – especialmente a traseira – ele parece feio.

Cliente pode escolher sua combinação de cores da pintura e do interior

“A Bugatti chegou lá outra vez. Ainda bem que eu errei” (Dominique Fraser/Quatro Rodas)

E há aquele focinho com radiador em forma de ferradura. Que está lá porque a tradição da Bugatti diz que deve estar. E não dá para deixar de se maravilhar com isso, pois, para que esse carro seja tão veloz, cada detalhe aerodinâmico teve de ser examinado, descartado e refeito.

Veja um F-1 quando perde algum de seus apêndices aerodinâmicos: logo acerta o guard rail. E eles raramente passam de 320 km/h. O Bugatti é bem mais rápido que isso, o que significa que incorporar aquele focinho deve ter sido um pesadelo. Mas os engenheiros de algum jeito conseguiram.

Essa é a essência desse carro: não é prazer ao dirigir. Não é estética. É só um homem olhando para a natureza, arregaçando as mangas e dizendo: “Vai encarar?”.

Este carro não desafia as leis da física. Ele faz ameaças para elas. Ele é uma maravilha da engenharia, porque, como todas as outras maravilhas da engenharia, ele é uma afronta a Deus. E também é uma afronta aos Amigos da Terra e ao Greenpeace.

Temos de adorar o Chiron por isso também, e aplaudir a Volkswagen por dizer: “Ainda não, cara.”

Fonte: Quatro Rodas

Mais Novidades

13 MAR
VW Gol, Saveiro e Voyage 2021 ganham novos itens de segurança de série

VW Gol, Saveiro e Voyage 2021 ganham novos itens de segurança de série

Modelos ganharam apoio de cabeça e cinto de três pontos para todos, além de Isofix (Reprodução/Volkswagen)Para se adequarem às novas exigências de segurança, os Volkswagen Gol, Saveiro e Voyage ganharam cinto de três pontos e apoios de cabeça para todos os passageiros, além de sistema de fixação de cadeirinha infantil Isofix como itens de série.Essas informações foram obtidas em primeira mão por QUATRO RODAS e fazem parte do pacote de novidades que estrearam com a linha 2021... Leia mais
13 MAR
VW Polo Highline 2021 tem quadro digital de série, mas encarece R$ 7.300

VW Polo Highline 2021 tem quadro digital de série, mas encarece R$ 7.300

VW Polo Highline 2021 (Divulgação/Volkswagen)A Volkswagen ainda não lançou oficialmente, mas já prepara mudanças importantes na linha 2021 de Volkswagen Polo e Virtus.Segundo apurado por QUATRO RODAS, a principal delas será a incorporação do antigo pacote Tech, opcional, na lista de itens de série dos modelos na versão Highline.Com isso, tanto o hatch quanto o sedã passam a vir de fábrica na configuração Highline com quadro de instrumentos 100% digital, central multimídia de 8... Leia mais
13 MAR
Caoa Chery Tiggo 5X mal mudou no Brasil e ganhará outro visual na China

Caoa Chery Tiggo 5X mal mudou no Brasil e ganhará outro visual na China

Este será o segundo facelift da atual geração do Tiggo 5X (Autohome/Internet)Apresentado oficialmente no Brasil em dezembro de 2018, o Caoa Chery Tiggo 5X recebeu seu primeiro facelift no início deste ano, com novo design para os faróis e central multimídia atualizada (ainda bem).As mudanças, entretanto, não param. Na China, flagras já mostram que não demorará muito para o SUV receber novas mudanças em seu visual.Traseira terá mudanças apenas nos miolos de lanternas e... Leia mais
13 MAR
Como a alta do dólar afeta o preço dos carros, mesmo nacionais

Como a alta do dólar afeta o preço dos carros, mesmo nacionais

Mesmo carros nacionais têm muitos componentes importados e pagos em dólar (Renato Pizzuto/Quatro Rodas)Após superar pela primeira vez a barreira dos R$ 5, a cotação do dólar assustou quem pretende viajar para o exterior e alguns setores da economia, entre eles o automotivo.E essa escalada da moeda norte-americana deverá impactar os preços dos carros fabricados no Brasil, uma vez que boa parte dos componentes são importados – um modelo de entrada, por exemplo, chega a ter 40% de... Leia mais
13 MAR
Oito truques de psicologia que um carro usa para te enganar

Oito truques de psicologia que um carro usa para te enganar

– (Divulgação/Fiat)Com a concorrência cada vez mais acirrada entre os fabricantes de automóveis, as marcas buscam diversas alternativas para atrair consumidores. Ao mesmo tempo, tentam ao máximo conter os custos cada vez mais elevados de desenvolvimento.Em muitos casos, vale até apelar a truques de psicologia para, digamos, te convencer de que seu carro possui algum atributo que, na prática, ele não tem. Veja abaixo oito exemplos:Corolla 2.0 tem um câmbio CVT que simula 10... Leia mais
13 MAR
Correio técnico: no ar bizona, quem ajusta a temperatura do banco de trás?

Correio técnico: no ar bizona, quem ajusta a temperatura do banco de trás?

Distribuição do fluxo de ar num sistema moderno (Acervo/Quatro Rodas)No ar-condicionado do tipo bizona com saídas de ar traseiras, quem determina a temperatura da turma do banco de trás? O motorista, o passageiro da frente ou há temperatura padrão? – Raphael Schlindwein, Florianópolis (SC).Se por um lado o ar-condicionado tipo bizona possui, nos bancos dianteiros, comando de temperatura individual para o motorista e para o passageiro, geralmente os sistemas com saídas de ar para o... Leia mais