A Kombi foi produzida em Wolfsburg, junto com o Fusca, até 1956 (Divulgação/Volkswagen)
Em 8 de março de 1950 saía da fábrica de Wolfsburg o Volkswagen Typ 2, que chegaria naquele mesmo ano ao Brasil, onde o modelo ficaria mais conhecido como Kombi.
E foi aqui no Brasil onde o furgão estabeleceu um recorde que tão cedo não será batido: o de maior tempo em produção sem grandes mudanças.
Volkswagen Plattenwagen: o motorista ficava atrás da carga (Divulgação/Volkswagen)
A ideia de Ben Pon, importador dos Volkswagen para a Holanda, era criar uma van baseada no chassi do Typ 1 (o Fusca). A inspiração teria sido os Plattenwagen usados no transporte de carga dentro da fábrica de Wolfsburg.
Esboço da Kombi feito por Ben Pon (Reprodução/Internet)
Mas, embora tenha dado origem a vários outros carros ao longo da história, o chassi do Fusca não era adequado para aquela proposta. Criaram, então, uma carroceria monobloco compatível com o conjunto mecânico do Fusca.
Pátio da Volkswagen, na Alemanha, com as várias versões da Kombi (Volkswagen/Divulgação)
Tudo começaria com o 1.1 boxer refrigerado a ar de 25 cv e com câmbio de quatro marchas não sincronizadas.
E o fim seria com um quatro-cilindros em linha 1.4 flex com injeção eletrônica de 80 cv, 63 anos e nove meses mais tarde, na fábrica da Volkswagen em São Bernando do Campo (SP).
1953: a primeira feita aqui (Divulgação/Volkswagen)
Foi a Brasmotor, empresa que também representava a Dodge, Chrysler, De Soto, Plymouth e Fargo no Brasil, a responsável pela importação da Kombi.
Ela iniciaria a montagem local, com peças importadas da Alemanha, em 1953 – um ano antes de fundar uma tal de Brastemp.
Esta Kombi 1950 é a única existente nas Américas com espaço para passageiros e carga (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)
A fabricação nacional, de fato, só começaria em 1957 pelas mãos da própria Volkswagen.
As primeiras unidades tinham 50% de conteúdo nacional. O motor, agora 1.200 de 36 cv, ainda era importado e tinha manivela de partida, e o sistema elétrico era de 6 volts.
Linha de montagem da Kombi na Volkswagen, em 1958 (Acervo/Quatro Rodas)
Uma série de mudanças foram feitas na Kombi brasileira até seu fim, em 2013, vítima da lei que obrigava freios ABS e airbags dianteiros em carros novos.
Kombi Last Edition, a última produzida no mundo (Divulgação/Volkswagen)
Mas ela ainda preservava características da Kombi original (como a produção quase artesanal) enquanto a Europa já comprava a quinta geração do VW Transporter, completamente irreconhecível.
Morgan 4/4 tinha chassi com madeira e carroceria de alumínio (Arquivo/Quatro Rodas)
Um carro poderia quebrar o recorde da Kombi em breve. Ainda que tenha sido vendido sob encomenda, o roadster inglês Morgan 4/4 esteve em produção ininterrupta de setembro de 1955 até o final de 2019 com chassi de madeira e carroceria de alumínio. Foram 63 anos e quatro meses, ficando a apenas cinco meses de superar a Kombi.
Os próximos candidatos ao título são modelos um tanto obscuros.
UAZ 452 Bukhanka (UAZ/Divulgação)
O UAZ-452 Bukhanka não tem apenas o formato em comum com a Kombi, como também o apelido (Bukhanka é “pão” em russo).
Está em produção há 55 anos, desde 1965, e tem motor 2.7 a gasolina de 112 cv dianteiro com tração 4×4 e caixa de transferência de duas velocidades.
Zamyad Z24, a avó perdida da Nissan Frontier (Zamyad/Divulgação)
Outro que tem grandes chances é o Zamyad Z24, em produção no Irã desde 1970. Trata-se da Nissan Junior, lançada no Japão no mesmo ano, e que bem mais tarde acabaria dando origem à Frontier.
Uma curiosidade é que o nome Z24 vem do motor 2.4 da lendária família Z, que, por sinal, deixou de ser produzida no Japão em 1989.
Uaz Hunter (Uaz/Divulgação)
Já o UAZ Hunter é nada mais que o UAZ-469, criado em 1971 para ser o jipe soviético com toque de modernidade na carroceria.
Além do motor do Bukhanka, esse jipe de meia idade também está disponível com um 2.2 diesel de 114 cv e tem opção de teto rígido ou de lona.
Lada Niva segue vivo na linha 2020 (Divulgação/Lada)
Outro russo na corrida é o Lada Niva, feito desde 1977 pela AvtoVAZ com a mecânica simples e o acabamento espartano de sempre.
Xodó dos russos e um autêntico 4×4, ele oferece atualmente a versão hatch (três portas) e wagon (cinco portas), mas já teve picapes de duas e quatro portas e até van.
Caterham Seven 275 S (Caterham/Divulgação)
Mas não podemos nos esquecer do Caterham 7, lançado em 1973 e que segue em produção ininterrupta até os dias atuais. Mas ele não tem apenas 47 anos.
Esse esportivo levinho é baseado no Lotus Seven projetado por Colin Chapman (fundador da equipe de Fórmula 1) e fabricado em sua empresa entre 1957 e 1972.
Quando Chapman decidiu interromper a produção do modelo, a Caterham, até então revendedora da Lotus, comprou os diretos. A produção foi retomada em 1973, mas com a terceira fase do Seven, que havia deixado de ser produzida em 1970.
Lotus 7 1968 (Lotus/Divulgação)