Não andamos com o novo Forester na rua, mas pelo menos deixamos uma de suas rodas no ar (Divulgação/Subaru)
A quinta geração do Subaru Forester enfim chegou ao Brasil. As vendas começaram este mês nas concessionárias da marca japonesa no país, pelo preço sugerido de R$ 159.990.
Ou R$ 169.990, se o comprador optar por incluir um pacote chamado Eye Sight, que inclui duas câmeras com visão estereoscópica tridimensional à frente do veículo, que permitem a ativação de algumas das assistências do SUV.
Falaremos mais sobre este sistema adiante.
SUV chega ao Brasil a partir de R$ 159.990 (Divulgação/Subaru)
QUATRO RODAS participou de um rápido test-drive com o novo Forester em ambiente fechado. Não houve rodagem em vias públicas, portanto pouco será possível afirmar a respeito do desempenho e da dinâmica do veículo.
O que podemos dizer é que seu motor quatro-cilindros 2.0 a gasolina, um naturalmente aspirado com injeção direta e 16 válvulas, possui dados de potência e torque um tanto tépidos para um SUV de suas dimensões.
Motor boxer teve 80% dos componentes trocados (Divulgação/Subaru)
São 156 cv, mesmo patamar de utilitários compactos como Volkswagen T-Cross e Chevrolet Tracker, e 20 mkgf, menos do que o oferecido por um VW Polo 200 TSI. A tração é integral, com vetorização eletrônica entre as rodas.
A boa notícia é que, de acordo com a Subaru, o propulsor teve 80% de seus componentes trocados ou modificados, ficando 12 kg mais leve. Já a caixa CVT com simulação de sete marchas “emagreceu” 7,8 kg, totalizando quase 20 kg de alívio no trem de força.
Conforto e espaço a bordo não faltam (Divulgação/Subaru)
Ao mesmo tempo, o novo Forester está 3 cm maior em comprimento (4,62 metros) e entre-eixos (2,67 m), além de 2 cm mais largo (1,81 m) e 0,5 cm mais baixo (1,73 m). O porta-malas ganhou 15 litros de volume, indo a 520 litros.
Espaço para pernas é o que não falta na fileira traseira (Divulgação/Subaru)
O visual possui mudanças discretas para uma troca de geração, especialmente na parte dianteira. Faróis e grade possuem formato parecido aos da carroceria anterior, porém com acréscimo de leds no conjunto óptico.
Na parte de trás, as lanternas passaram a ser bipartidas e em forma de gancho, talvez a única atualização estética que confira um ar realmente mais moderno ao modelo.
Lanternas bipartidas em forma de gancho são uma das novidades visuais mais marcantes do modelo (Divulgação/Subaru)
Mas vamos ao que mais interessa aqui: toda a nossa avaliação foi focada nas assistências eletrônicas que, segundo a fabricante, praticamente mitigam as possíveis “barbeiragens” cometidas pelo motorista ao volante.
Uma boa parte das babás vem com o supracitado sistema Eye Sight.
Ele inclui: frenagem e gerenciamento de aceleração pré-colisão; aviso de mudança de faixa; controle de cruzeiro adaptativo; alertas de zigue-zague na pista e partida do veículo à frente; frenagem automática traseira.
Supla de câmeras do Eye Sight ficam no para-brisa (Divulgação/Subaru)
As frenagens automáticas nossa reportagem experimentou em dois testes: o primeiro, frontal, simulava a aproximação contra uma barreira frontal a 35 km/h.
O funcionamento do auxílio foi perfeito, proporcionando um tranco brusco a poucos metros da barreira. Haja cinto de segurança para segurar o corpo de motorista e passageiros.
A brusca frenagem automática anticolisão funcionou perfeitamente (Divulgação/Subaru)
Já o segundo permitia experimentar de uma vez o alerta de tráfego cruzado e a frenagem em ré (monitorada por sensores no para-choque traseiro, já que as câmeras do Eye Sight são apenas frontais).
Se o alerta funcionou perfeitamente, a frenagem automática falhou três vezes ao se deparar com uma placa de madeira que simulava uma mulher e uma criança atravessando a rua. Pobre família: teria sido atropelada.
Frenagem autônoma de ré falhou em dois de nossos três testes (Divulgação/Subaru)
Segundo os técnicos da Caoa, importadora da Subaru no Brasil, os sensores se embananaram com a incidência de luz do sol e de sombra ao mesmo tempo em diferentes partes da carroceria.
Isso mostra o quanto as assistência semiautônomas ainda não são plenamente confiáveis a depender da condição enfrentada.
Comandos do ACC ficam no raio direito do volante e são fáceis de entender (Divulgação/Subaru)
O ACC, por sua vez, funcionou muito bem.
Um detalhe interessante é que o Forester possibilita que se volte da imobilidade para o movimento, dentro da velocidade programada e com controle de distância para o carro à frente, apenas com um toque no botão de ativação do controle, sem precisar recorrer ao acelerador.
Já o aviso de faixa não empolga, simplesmente porque sua única função é alertar, e não corrigir a trajetória. É menos do que um Jeep Compass ou um Chevrolet Cruze são capazes, e fruto da ausência de radares do Eye Sight.
Forester possui só o alerta de mudança de faixa, mas não muda a trajetória sozinho (Divulgação/Subaru)
No retrovisor externo direito, uma câmera auxiliar ajuda a dirimir a área de ponto cego e também a enxergar se as rodas daquele lado vão esbarrar em algum obstáculo como uma guia, por exemplo.
Câmera auxiliar no retrovisor direito é bem-vinda para evitar aquela raspada na guia (Divulgação/Subaru)
Durante o teste, também passamos por dois pequenos obstáculos off-road, com pedras, terra e troncos de árvore, e por um teste de pêndulo.
Ali foi possível constatar, embora em doses homeopáticas, o bom nível de rigidez torsional da carroceria, os bons ângulos de ataque (20,2 graus), ventral (21,5 graus) e de saída (25,8 graus), e também o incrível silêncio do conjunto de suspensões.
Rigidez da carroceria e câmera lateral auxiliar passaram com louvor no teste do pêndulo (Divulgação/Subaru)
Para completar, passamos por trechos com diferentes níveis de aderência para confirmar o nível de estabilidade oferecida pelo ESP e pela vetorização de torque. Os resultados foram bem satisfatórios.
Sentando a bota em terrenos com níveis diferentes de aderência, testamos o ESP e a vetorização de torque (Divulgação/Subaru)
Sentado nas fileiras dianteira e traseira, também ficou perceptível o conforto gerado pelos bancos. Na fileira traseira há revisteiros, porta-tablet e celular, entradas USB e saídas de ar, além de ótimo vão para as pernas.
Novo Forester tem ótima posição de dirigir, mas as três telas digitais poderiam ser facilmente duas (Divulgação/Subaru)
Ficou faltando experimentar os faróis direcionais em curvas, o som Harman Kardon, o controle de velocidade em descida e o sistema X-Mode, com modos de condução voltados ao uso fora de estrada. Fica para uma próxima.
Sistema X-Mode, de auxílio ao off-road, é controlado por este seletor no console central (Divulgação/Subaru)
O Forester é um SUV tecnológico e com preço bastante competitivo. Por R$ 170 mil, cobra o preço de SUVs médios de marcas generalistas e oferece boa dose de tecnologias de segurança a bordo.
Só que algumas de suas assistências não são as mais modernas disponíveis, ou seja: ele até ajuda a impedir um acidente, mas o principal responsável pelo controle do carro e por possíveis barbeiragens ainda será o condutor.
No fim, a compra vale mesmo pelo nível de espaço e conforto a bordo, e pela confiabilidade de ser um Subaru.