A Nissan registrou o menor lucro anual em 10 anos e a tendência pode prosseguir em consequência da crise provocada pela prisão de seu ex-presidente do conselho, o brasileiro Carlos Ghosn, anunciou a empresa na última terça-feira (14).
O lucro operacional no ano fiscal encerrado em março caiu 45%, a 319,1 bilhões de ienes (US 2,9 bilhões), o menor nível desde o exercício 2009-10, quando a montadora sofreu os efeitos da crise financeira global.
A previsão para o ano é que se encerra em março do ano que vem é de nova queda, de 28%, para 230 bilhões de ienes (US$ 2 bilhões).
O presidente-executivo da montadora japonesa, Hiroto Saikawa, afirmou que a empresa chegou ao "fundo do poço" com os resultados do último ano.
“Esperamos ter atingido o fundo do poço em 2018 e 2018, e reverter essa tendência nos anos seguintes", disse o executivo.
Para dar a volta por cima, o "chefão" decidiu cortar 4.800 postos de trabalho, renovar os principais modelos e lançar 20 novos em 3 anos, focando mais no mercado norte-americano.
Segundo analistas, o mau desempenho aumenta a pressão para uma fusão com a Renault, que detém parte da Nissan. A junção era uma ideia de Ghosn que, segundo ele, a diretoria da montadora japonesa repudiava.
O resultado também fez crescer os rumores de que Saikawa deixará o comando da Nissan.
Em conversa com jornalistas na terça, ele repassou a culpa a Ghosn. "A maioria dos problemas que eu apresentei hoje são um legado negativo da liderança antiga", afirmou.
Detido em novembro, acusado pela Nissan de violações financeiras, o brasileiro chegou a ser solto sob fiança em março, mas voltou à prisão no mês seguinte, após novas denúncias.
Além de ser o presidente do conselho da Nissan, Ghosn chefiava a Renault e a aliança que as duas marcas formavam com a Mitsubishi.
O executivo nega as acusações e se diz vítima de um complô dos dirigentes da Nissan.