Desde que teve metade de sua operação brasileira comprada pela Caoa no fim ade 2017, a Chery sofreu uma profunda transformação no país.
Em pouco mais de um ano, foram 4 lançamentos – sendo 3 SUVs, além de um forte trabalho para mudar a imagem da marca diante do público.
Só que os planos da fabricante – que agora se chama Caoa Chery, são bem mais ambiciosos. O objetivo é chegar ao top 10 de vendas no país até 2022. Para isso, foram traçadas algumas estratégias.
Durante o Salão de Xangai, o G1 conversou com executivos brasileiros e chineses da empresa sobre os próximos passos da parceria. Além do aumento na produção, os planos incluem expansão da rede de concessionárias e maior participação na criação de novos modelos.
De acordo com Marcio Alfonso, presidente da Caoa Chery, a cooperação entre a filial brasileira e a matriz chinesa deve ser intensificada nos próximos anos.
Palpite nos desenhos
E isso deve ser visto desde a concepção de novos projetos.
“A próxima fase [da parceria] vai valer desde o desenho dos carros. As demandas dos clientes são diferentes”, disse Alfonso. Isso quer dizer que a Caoa poderá “palpitar” para que o visual dos modelos atenda ao gosto dos clientes brasileiros.
O objetivo também é reforçar a equipe de pesquisa e desenvolvimento no Brasil. Com novos investimentos (valores não foram divulgados), o time local deve crescer. Atualmente são 105 engenheiros (a empresa também não falou quantos serão contratados).
Com o reforço em PeD, a fabricante espera atuar em fases anteriores ao lançamento do veículo. Até então, a Caoa podia apenas modificar alguns aspectos dos veículos já prontos.
Um exemplo, segundo Mauro Correa, presidente da Caoa, é a motorização escolhida para o Arrizo 5 produzido e vendido aqui. “O desenvolvimento do motor turbo foi feito especificamente para o Brasil”, disse.
Sem receio
Questionado se o crescimento da Caoa nas decisões da Chery poderia ofuscar a presença chinesa, inclusive no nome da empresa, o presidente executivo da divisão internacional Chery, Zhang Guibing, minimizou a polêmica.
“Não é a minha preocupação [a empresa abandonar o nome Chery no Brasil]. As tecnologias são o principal”, comentou.
A boa vontade dos chineses em atender aos pedidos dos brasileiros pode ajudar no crescimento da sino-brasileira Caoa Chery.
Melhorando a imagem
Até o fim do ano, a empresa pretende quase dobrar o número de concessionárias, passando dos atuais 65 pontos para 111 lojas.
A melhoria no atendimento da rede também será uma preocupação para a fabricante. Pela primeira vez, a Caoa Chery apareceu na pesquisa de satisfação da empresa independente JD Power.
Mas o resultado não foi dos melhores – a última colocação entre as 16 marcas analisadas – exatos 100 pontos abaixo da campeã, a Hyundai Caoa.
O objetivo, segundo os executivos, é figurar entre as 5 marcas mais bem colocadas em 3 anos.
Próximos lançamentos
O próximo lançamento confirmado é o SUV grande Tiggo 8. Será o sexto produto da Chery a ser produzido no país, na fábrica de Anápolis (GO). Ele começa a ser vendido entre o fim desde ano e o início de 2020.
Além dele, o Arrizo 5 com interior atualizado também será lançado no país. A Caoa Chery também pode lançar nos próximos anos três carros elétricos: o subcompacto EQ1, o Arrizo 5e e o Tiggo 2e. O G1 já andou no trio na China.
As origens
O Grupo Caoa começou em 1979, quando uma concessionária Ford caiu nas mãos de Carlos Alberto de Oliveira Andrade. Em 1992, já dono de diversas lojas da Ford, ele se tornou o primeiro importador oficial da Renault.
Ainda na década de 1990, o executivo assumiu representação da Subaru e também da Hyundai, com quem tem parceria até hoje, produzindo modelos como o Tucson em uma fábrica construída em Anápolis (GO).
A Chery tem uma história mais recente. Criada em 1997 pelo governo chinês, a fabricante cresceu rapidamente e exportou pela primeira vez em 2001.
Desde 2012, a empresa é responsável pela fabricação dos modelos Jaguar e Land Rover na China, que obriga marcas a terem parceiras locais para produzir por lá.
No Brasil, a Chery aportou em 2009. Com veículos baratos e bem equipados, a marca atingiu pico de vendas em 2011, com 21 mil unidades e 0,6% do mercado, mas sofreu nos anos seguintes por causa da restrição aos importados, chegando a 3,7 mil unidades em 2017.