Os acionistas da Nissan aprovaram por maioria nesta segunda-feira (8) destituir Carlos Ghosn, ex-presidente-executivo e ex-presidente do conselho de administração da montadora japonesa, cortando seus últimos laços com o executivo brasileiro preso pela segunda vez na quinta-feira (4).
Os acionistas votaram em uma reunião de emergência por destituir também Greg Kelly, ex-diretor próximo a Ghosn, e nomear o atual presidente da Renault, Jean-Dominique Senard, como membro do conselho de administração da Nissan.
Carlos Ghosn liderou a montadora japonesa por duas décadas e foi dispensado do cargo em 22 de novembro, três dias após ser preso pela primeira vez em Tóquio, mas continuou como membro do conselho até que a decisão fosse ratificada hoje.
Antes da votação, o atual presidente-executivo da Nissan, Hiroto Saikawa, afirmou que a montadora japonesa considera pedir indenização do brasileiro por má conduta financeira e que o escândalo "não é uma questão que podemos consertar do dia para a noite".
Saikawa afirmou ser preciso melhorar a governança da empresa, prepará-la para os próximos passos "e então passar o bastão da liderança".
Duas prisões
O brasileiro resgatou a Nissan da falência e forjou uma aliança mundial com a francesa Renault e a também japonesa Mitsubishi, uma das maiores alianças do setor automotivo, mas caiu em desgraça no Japão após a sua primeira prisão.
O brasileiro, que também tem cidadania francesa e libanesa, foi preso pela segunda vez devido ao "risco de destruição de provas", segundo a Promotoria japonesa. A Justiça estendeu a detenção do executivo até domingo.
Ghosn diz ser inocente de todas as acusações e afirma ser vítima de um golpe. Seus advogados dizem que sua segunda prisão foi uma tentativa de amordaçá-lo, pois ocorreu um dia após o executivo ter anunciado que concederia uma coletiva de imprensa na quinta (11).