– (Denis Freitas/Quatro Rodas)
Sabe aquela sensação de que os carros estão cada vez mais parecidos? Ela é real, e um dos principais motivos para isso é que os automóveis agora são pensados para não matar quem está ao seu redor. Mas nem todo mundo gostou disso.
“Queria ter trabalhado nos anos 60 e 70. Havia muito mais liberdade no design”, diz José Carlos Pavone, chefe de estilo da Volkswagen do Brasil.
“Toda a dianteira do carro agora conta com estruturas projetadas para mitigar o impacto de atropelamentos e colisões, e o projetista precisa encontrar um desenho que cubra tudo.”
Isso limita até o uso de adornos na dianteira, mas o impacto da legislação vai além do exterior.
“É preciso pensar no espaço que as bolsas do airbag vão ocupar no painel, e as portas são mais grossas para receber barras de proteção”, observa Peter Fassbender, diretor do centro de design da FCA América Latina.
E o futuro apresenta mais desafios. “O melhor local para colocar as baterias dos elétricos é no assoalho, mas isso faz toda a carroceria ficar mais alta”, diz Adrian Von Hooydonk, chefe de design da BMW.
Porém, haverá vantagens. “O trem de força menor abre a possibilidade para otimizarmos ao máximo o espaço interno”, destaca Hooydonk.
E, quem sabe, os carros fiquem até mais diferentes. “O visual dos elétricos atuais é muito similar entre eles, bem racional. Mas não precisamos associar uma silhueta a um tipo de propulsão”, encerra Pavone.
Ornamento no capô
– (Divulgação/Rolls-Royce)
O “gato saltitante” da Jaguar pode ser fatal em um atropelamento, por isso foi aposentado. Já a estrela da Mercedes se deforma em caso de acidente e o Espírito do Êxtase da Rolls-Royce é recolhido eletricamente para não ferir o pedestre.
Faróis e lanternas
– (Reprodução/Internet)
Nos Estados Unidos, o indicador dianteiro deve ser âmbar, enquanto em alguns mercados luzes sequenciais são proibidas. Mas esse problema foi contornado pela eletrônica e pelo uso de leds, que podem ser reprogramados.
Grade do radiador
– (Reprodução/Internet)
Ela ainda é a identidade de muitos carros, mas provoca muita resistência aerodinâmica e atrapalha na eficiência energética. A solução é torná-la falsa ou usar persianas móveis.
Para-choque frontal
– (Divulgação/Volkswagen)
A peça deve impedir que as pernas do pedestre vão para baixo da carroceria. Chanfros laterais permitem que a pessoa seja jogada para os lados do carro.
Já a parte superior pode avançar para além da grade, criando o chamado soft-nose e aumentando a superfície de absorção do choque.
Saias e spoilers
– (Reprodução/Internet)
A busca pela economia do combustível popularizou os elementos aerodinâmicos na parte inferior do carro. O problema é que isso reduz o ângulo de entrada, algo que é amenizado com o uso de peças de borracha (que estragam menos em nossas ruas).
Salto alto
– (Divulgação/BMW)
As baterias de carros elétricos poderiam ser espalhadas pela carroceria, mas quase todos os modelos as deixam no assoalho. Isso melhora o centro de gravidade, mas eleva toda a carroceria.
Para contornar o problema, a BMW empilhou as baterias do i8 no túnel central, que acabou ficando mais alto.
Coluna A
Projeto 551 JEEP (Divulgação/)
Deixá-la mais inclinada melhora a resistência em impactos frontais, mas atrapalha a visibilidade.
Aços formados a quente permitem que ela seja mais fina, porém modelos de projeto mais simples acabam compensando com mais material, tornando-a grossa, especialmente em sua base.
Teto
Deixá-lo mais baixo melhora a resistência aerodinâmica, mas não pode exagerar. O topo do para-brisa deve ser projetado para que o motorista sempre consiga ver um semáforo sem precisar mover a cabeça.
Painel
– (Divulgação/Mercedes-Benz)
O console não deve projetar nenhum elemento cortante contra a cabine. Mas o maior desafio é acomodar os diversos airbags que ficam espalhados pela carroceria.
Capô
– (Reprodução/Internet)
O capô mais alto serve para deixá-lo longe do motor e permitir que ele amasse a fim de absorver o impacto do pedestre. Se ele ficar próximo demais do trem de força, é necessário usar um airbag externo ou um sistema pirotécnico que levante a peça em um acidente.