Com o LDO em 1977, o Maverick chegou ao ápice do requinte (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Chamada Luxury Decor Option, a versão LDO do Ford Maverick americano chegou em 1972 aos EUA com bancos reclináveis, madeira sintética no painel e teto revestido de vinil.
Cinco anos depois, a versão estreou no Brasil: a Luxuosa Decoração Opcional foi uma das tentativas da Ford para salvar a carreira do cupê.
Vitorioso nas pistas, o Maverick nacional não repetia o mesmo sucesso nas lojas.
Compacto nos EUA, aqui ele teve a árdua missão de concorrer com o Chevrolet Opala. Baseado no Opel Rekord alemão, o cupê da GM trazia soluções de engenharia muito mais adequadas à realidade brasileira.
Meio teto de vinil: uma tendência dos anos 70 (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Entre os problemas mais graves do Maverick, estavam o baixo desempenho e alto consumo do motor de seis cilindros, ainda com válvulas de escape no bloco.
Outra falha era o claustrofóbico espaço no banco traseiro, agravado pela ausência das janelas laterais basculantes (presentes no Opala e até mesmo no humilde Ford Corcel).
Melhorias viriam só na linha 1975, que recebeu bancos dianteiros mais finos para aumentar o espaço atrás. Sob o capô, estava um moderno quatro-cilindros de 2,3 litros e 99 cv, com comando de válvulas no cabeçote de fluxo cruzado.
– (Christian Castanho/Quatro Rodas)
O Maverick estava mais ágil e econômico que o Opala, mas em tempos de gasolina cara a fama de beberrão comprometeu sua vida no mercado: de 1973 a 1976 o Chevrolet vendeu mais que o dobro.
Disposta a reverter o quadro, a Ford apresentou o Maverick 1977 no Salão do Automóvel de 1976.
A nova versão LDO integrou a segunda fase do modelo: relação do diferencial mais longa, freios com duplo circuito hidráulico e tambores traseiros redimensionados, suspensão própria para pneus radiais, molas e amortecedores recalibrados e eixo traseiro mais largo.
Câmbio automático e ar-condicionado eram itens opcionais (Christian Castanho/Quatro Rodas)
A bitola maior atrás favoreceu o espaço: caixas de roda menores resultaram em um banco traseiro mais largo e a nova forração do teto garantiu alguns milímetros de folga para passageiros mais altos.
Os bancos dianteiros receberam um encosto 10 cm maior e o acabamento interno do LDO era marcado pelas várias tonalidades de marrom e pelo alto padrão dos materiais e arremates.
O volante com quatro raios foi adotado em 1978 nos modelos da Ford mais caros (Christian Castanho/Quatro Rodas)
A decoração externa era igualmente requintada: um friso percorria as laterais, que recebiam um exclusivo refletor vermelho no balanço traseiro. Redesenhada, a grade vinha com detalhes retangulares verticais e contornos prateados.
As janelas receberam frisos cromados, o teto ganhou revestimento de vinil e as rodas eram cobertas com calotas de aço escovado. Um friso de alumínio fazia o contorno entre as novas lanternas traseiras.
O motor V8 de 5 litros era um opcional raro no Maverick LDO (Christian Castanho/Quatro Rodas)
Além do quatro-cilindros também havia a opção pelo lendário V8 Windsor, com mais que o dobro da cilindrada.
O tempo no 0 a 100 km/h caía de 18 para cerca de 12 s, mas o consumo também: média de 5,2 km/l, bem inferior aos 8,04 km/l do motor menor.
O LDO desta matéria, que pertence ao colecionador paulistano Armando, é um dos raros equipados com V8 e câmbio automático.
Mas o destino do Ford já estava selado: para cada Maverick vendido em 1977 havia cinco Opala. Moderno em estilo e muito econômico, o Corcel II o enterrou de vez em 1978.
O último Maverick deixou a linha em abril de 1979: foram pouco mais de 108.000 unidades em seis anos. A baixa produção colaborou para sua alta cotação no atual mercado de antigos.
Motor: longitudinal, V8, 4.950 cm3, comando de válvulas no bloco, carburador de corpo duplo 197 cv (SAE) a 4.600 rpm; 39,5 mkgf a 2.400 rpm
Câmbio: automático de 3 marchas, tração traseira
Dimensões: comprimento, 458 cm; largura, 179 cm; altura, 136 cm; entre-eixos, 261 cm; peso, 1.372 kg
Pneus: radiais 185 SR 14