Um interrogatório do brasileiro Carlos Ghosn, preso no Japão desde 19 de novembro, foi suspenso nesta quinta-feira (10), em Tóquio. O ex-presidente da Nissan estava sofrendo de uma febre alta e sem condições de responder perguntas, informou a imprensa japonesa, citando os advogados de defesa.
O médico que examinou Ghosn disse que ele precisava de repouso, segundo o jornal de negócios Nikkei. As agências de notícias Jiji e Kyodo deram informações semelhantes.
"Ele não está em condição de ser questionado (pelos promotores), ou de se encontrar com seus advogados, ou de receber visitas (do corpo diplomático da França, do Líbano e do Brasil, seus três países)", informou o Nikkei.
A equipe de defesa não pôde ser contatada para confirmar essa informação.
Na terça-feira (8), o brasileiro apareceu em público pela primeira vez desde a prisão e afirmou ser inocente, em audiência judicial.
Ghosn é acusado esconder metade de sua renda ao fisco japonês, entre os anos de 2010 e 2015 e de adulterar documentos da Nissan para parecer que seus vencimentos eram bem inferiores ao que de fato ganhava.
Quem é Carlos Ghosn
Nascido no Brasil, Ghosn, de 64 anos, destacou-se por muito tempo entre os executivos do setor automotivo mundial como um "workaholic" capaz de ressuscitar com sucesso uma empresa à beira da falência.
Como presidente da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi Motors, Ghosn criou um império industrial, com 470.000 funcionários e que, no ano passado, vendeu 10,6 milhões de veículos de 122 fábricas em todo mundo. Com a deflagração do escândalo, foi demitido da Nissan e da Mitsubishi Motors.
O magnata do setor automotivo compareceu pela primeira vez ao tribunal, na terça-feira (8), para uma audiência excepcional dedicada a esclarecer as razões de sua detenção. Ele se declarou "falsamente acusado".
Nesse mesmo dia, os advogados do empresário entraram com um recurso para obter sua libertação. Como já era esperado, o juiz rejeitou o pedido, alegando risco de fuga por parte do réu e a possibilidade de alteração de provas.