De conectividade 4G a controle remoto, há muitas frentes em que as montadoras estão tentando despontar quando o assunto é tecnologia. No Salão do Automóvel, várias novidades foram apresentadas, mas algumas não virão ao Brasil.
A Chevrolet, durante sua coletiva de imprensa, informou que todos os modelos lançados a partir de 2019 já virão com conectividade 4G disponível. As montadoras de luxo foram um pouco mais além na apresentação das novidades.
Direção autônoma
Um dos principais destaques é a direção autônoma do Audi A8L, modelo que chega ao Brasil em 2019. Segundo a Audi, a funcionalidade autônoma não estará disponível na versão brasileira, já que a nossa legislação não permite que o motorista tire as mãos do volante.
Além de ser um sedã de luxo, ele é o primeiro carro comercial vendido com tecnologia de direção autônoma nível 3. O sistema permite que o motorista foque em outras atividades e solte a mão do volante completamente em situações específicas — como dirigir até 60 km/h em vias movimentadas e separada da contra-mão por barreira.
O nível 2 é mais comumente encontrado em veículos voltados ao público e não permite soltar o volante totalmente. Já o nível 4, presente em carros-robô testados por empresas como Uber e Google, está em protótipos não disponíveis para o público. O nível 5 é o carro completamente autônomo.
Segundo Thomas Mueller, vice-presidente de direção autônoma da Audi, esse nível de tecnologia é exclusiva na Audi.
“Como não há padrão que estabelece os limites de erros dos veículos autônomos, nós utilizamos o padrão aeronáutico, o mesmo que empresas como Boeing e Airbus. Um carro autônomo da Audi pode cometer no máximo 0,0000000001 erros por hora”, disse Mueller ao G1.
Carro companheiro
Na Mercedes-Benz, a novidade foi o MBUX, sistema que conecta motoristas e passageiros ao carro por comando de voz, permitindo uma “conexão emocional” com os novos carros do modelo Classe A. Por exemplo, se o motorista estiver se sentindo cansado, basta dizer “Ei, Mercedes. Estou cansado” e o sistema irá diminuir a temperatura, agitar o banco e colocar uma música animada para manter o motorista ligado.
A BMW acaba de lançar seu similar, chamado de IPA, sigla em inglês para "Assistente Personal Inteligente".
Por aqui, o recurso acaba de estrear no novo X5, e estará presente também em seu produto mais famoso, o Série 3, como o G1 testou no lançamento do modelo, no mês passado, no Salão de Paris, ainda em inglês.
Olá, BMW
Agora, no Salão do Automóvel de São Paulo, a marca apresentou uma versão “beta”, já em português. Basta chamar: “Olá, BMW” e dar o comando que o carro atende prontamente.
Ao dizer: “estou entediado”, o veículo sugere utilizar o modo mais esportivo de condução, seguindo o DNA de esportividade da empresa bávara.
Porém, alguns comandos ainda parecem truncados. Ao afirmar que está com calor ou frio, o carro, em vez de modificar a temperatura em alguns graus, pergunta para o ocupante qual deve ser a nova temperatura.
Por trás do sistema de inteligência artificial está um chip 4G virtual que sai de fábrica com o modelo.
De acordo com a fabricante, ele busca a melhor rede entre as operadoras. O IPA pode (e será) combinado com o serviço de concierge que a marca já oferece gratuitamente nos primeiros anos de propriedade.
Estaciona sozinho
A BMW também apresentou o sistema de estacionamento remoto (veja no vídeo), que permite utilizar a chave do carro como um controle para manobrar na hora de estacionar. O sistema utiliza os sensores e câmeras já presentes no carro e permite estacionar em lugares onde o motorista teria dificuldade de sair.
Outro mecanismo apresentado no Salão é o de recarga por indução no i8 Roadster, o esportivo híbrido da montadora. Instalado no chão da garagem, basta parar o carro sobre que ele começa a recarga. A novidade foi apenas uma demonstração e não virá para o Brasil.
Investimento em tecnologia e startups
Com uma abordagem diferente, a Hyundai apresentou a Hyundai Cradle, incubadora da montadora. Cradle, em inglês, quer dizer berço, o que resume bem as iniciativas dos investimentos feitos pela empresa.
Mirando na inovação, a ideia é trazer para a Hyundai o trabalho que algumas dessas companhias realizam — por terem menos amarras e burocracias, startups conseguem inovar com mais facilidade.
Alguns dos investimentos nesse sentido são em empresas de transporte e mobilidade, como Grab, empresa que se fundiu ao Uber em março deste ano e funciona como aplicativo de transporte no sudeste asiático. Outros são em empresas de baterias, como a Ionic Materials, que tenta fazer baterias mais duradouras e inteligentes.
Segundo John Suh, diretor global da Hyundai Cradle, que esteve no Brasil, a questão pode chegar até mesmo a uma aquisição da empresa pela Hyundai, algo que ainda não aconteceu. “Com foco em mobilidade inteligente e cidades inteligentes investimos em startups que trazem soluções em robótica, inteligência artificial e energia renovável”, disse.