O leilão do Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG) atraiu compradores e curiosos nesta terça-feira (18) em Belo Horizonte. Entre os lotes, o carro com preço inicial mais barato, um Ford Corcel II 1980, foi arrematado por R$ 350. O veículo começou valendo R$ 80.
De acordo com o Detran, dos 441 veículos destinados ao leilão, 39 foram resgatados antes do início do evento por seus proprietários, e os demais 402 lotes arrematados. No total, o órgão arrecadou mais de R$ 1,15 milhão.
Em contraponto ao lote mais barato, um Hyundai Tucson 2012 foi o carro com o preço inicial mais caro: R$ 18 mil. O modelo foi arrematado por R$ 38 mil, aproximadamente R$ 6 mil a menos que o preço da tabela da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
O veículo com maior discrepância entre o lote inicial e o preço de arremate foi uma motocicleta Honda CG 150, que foi vendida por um valor 35 vezes maior do que o lance mínimo (de R$ 100 para R$ 3.500). Outro destaque foi um Honda Civic 2011, cujo lance inicial era de R$ 3 mil, mas acabou arrematado por R$ 33 mil.
O leilão foi realizado no bairro Palmeiras, Região Oeste da capital. O Detran-MG estima que cerca de 650 pessoas compareceram ao evento. Os veículos em leilão eram motocicletas e carros apreendidos ou recuperados e que não foram procurados pelos donos no período de até três meses após a apreensão ou recuperação.
O dinheiro arrecadado, segundo o Detran-MG, é utilizado para pagar serviços de reboque, diárias do pátio onde os veículos são guardados e dívidas como multas e parcelas atrasadas do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Caso todos os serviços e dívidas sejam pagos, os recursos restantes são destinados aos antigos proprietários, que são acionados pela Secretaria Estadual da Fazenda.
Leiloeiros e compradores
Em um dos cantos de um galpão de 600 metros quadrados, na Região Oeste de Belo Horizonte, Júnior Maria de Freitas Cruz, de 62 anos, observa, atento, o momento certo de levantar o braço. Tem hora que é preciso gritar. "Ô, Zacarias! Ô, Zacarias!", chama o comerciante, que desde 1978 acompanha leilões de veículos. Ele era um entre os possíveis compradores do leilão realizado pelo Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), nesta terça-feira (18), na capital mineira.
O leiloeiro Zacarias Monteiro dos Santos, que trabalha no Departamento de Estradas e Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), dividiu nesta terça o martelo com Carlos Eustáquio Moreira, servidor administrativo do Detran. Os dois foram treinados para a função e não ganham nenhuma porcentagem da venda dos veículos, como ocorre com os leiloeiros oficiais.
“Tem que ter o domínio da situação. Se deixar o público exaltar, ele acaba dominando. Tem um pessoal realmente que está ali mais é pra bagunça. Vem muito curioso. Então, às vezes, você tem que brincar pra descontrair, mas tem que ter uma seriedade”, afirma Moreira.
O comerciante Paulo Roberto Caldeira veio de Montes Claros, no Norte de Minas, para participar do leilão. Ele já é frequentador assíduo deste tipo de evento. "Tem três anos que eu não perco um leilão”, contou.
Segundo Caldeira, tem que saber a hora de parar. Ele foi ao leilão com o objetivo de comprar 10 motos para a revenda. "Tá tudo anotadinho", disse o comerciante.
Para Caldeira, o leilão já não está mais tão vantajoso. "O preço do mercado está caindo", falou.