"A China é a nossa segunda casa", afirmou o novo presidente do Grupo Volkswagen, Herbert Diess, em seu primeiro evento desde que assumiu o posto. Ele participou da prévia do Salão de Pequim, neste terça-feira (24).
Em entrevista à rede americana CNBC, após o evento, Diess disse que o grupo ainda não tem planos de atuar sozinho no país, agora que a China se prepara para, gradualmente, acabar com restrições ao capital estrangeiro em montadoras.
Até então, as empresas de fora não podiam ter mais de 50% de uma companhia do setor de automóveis na China. Por isso, eram obrigadas a se associar a empresas locais.
Atualmente, a Volkswagen China tem duas "joint-ventures", a SAIC Volkswagen e a Faw-Volkswagen, que são líderes de venda. "Por ora, não temos nenhum plano de mudar a estrutura", afirmou Diess.
"Acho que somos tão fortes na China porque temos parceiros fortes, e a China é muito específica, então acho que, sozinhos, não seríamos tão fortes."
O grupo informa que vendeu 13% mais carros no mercado chinês no 1º trimestre deste ano do que no mesmo período de 2017, uma alta recorde.
Segundo a montadora, o consumidor chinês é mais jovem, mais ligado ao mundo digital e mais ativo nas redes sociais, quando comparado aos de outras regiões do mundo.
'Dieselgate'
Diess também falou à TV sobre o escândalo do diesel.
"Perdemos tanta confiança de alguns de nossos clientes que será preciso mais alguns anos para dizermos que deixamos isso para trás", reconheceu.
"A empresa ainda precisa de uma série de mudanças", completou, dizendo que a Volkswagen tem ouvido consultores para a superação do caso.
Na última segunda (23), a imprensa alemã divulgou que o monitor independente designado pela Justiça americana para supervisionar a montadora por 3 anos apontou, em relatório confidencial, que ainda não foram feitos esforços suficientes.
"Ainda, (temos pela frente) muitos meses antes de dizermos 'tchau diesel'", finalizou Diess.
Foco em SUVs e elétricos
Para mudar sua imagem, a montadora foca nos carros "verdes". Além dos 34 bilhões de euros que deverão ser investidos até 2022 para modelos elétricos e híbridos, em todo o mundo, a Volkswagen destinará outros 15 bilhões de euros para a "eletrificação" do mercado chinês, juntamente com seus parceiros locais.
O plano é, em 2 anos, lançar 15 novos veículos elétricos ou híbridos produzidos naquele país. Em 2025, as marcas do grupo deverão oferecer mais de 40 carros "verdes" fabricados na China.
Além dos elétricos, a marca foca nos utilitários: não é só no Brasil que a Volks faz uma "ofensiva de SUVs". O Salão de Pequim será o primeiro a exibir a terceira geração do Touareg.
O maior SUV da Volkswagen terá a missão de dobrar as vendas da marca no segmento na China até 2023.
Ele foi revelado na China, no mês passado, e é feito sobre a mesma plataforma de luxo do Audi Q7, Porsche Cayenne e Bentley Bentayga. O visual é assinado pelo designer brasileiro Arnaldo Cruzeiro, que trabalha na Alemanha.
O SUV topo de linha da marca tem novas tecnologias, como painel de instrumentos totalmente digital, suspensão a ar e esterçamento das rodas traseiras para garantir maior estabilidade.
As versões mais equipadas incluirão ainda assistência de direção com visão noturna, modo semiautônomo que conduz o carro sozinho em velocidades até 60 km/h e faróis inteligentes de LED. Mesmo assim, ele ficou cerca de 106 kg mais leve que a geração anterior, por causa do uso de alumínio e aço de alta tecnologia na construção.